Manifesto defende Manuela D’Ávila e candidatas contra violência política

“Toda vez que uma mulher é desrespeitada como mulher por quem quer calar sua voz e afetar a liderança política que ela exerce, a democracia é destruída”, diz um trecho do manifesto lançado nesta quinta-feira (15)

Nesta quinta-feira (15), foi realizada live de lançamento do “Manifesto pela Ética e Democracia, por Manuela e por Todas Nós”, uma iniciativa da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) contra ataques sofridos pela candidata à prefeitura de Porto Alegre, Manuela d’Ávila (PCdoB) e outras mulheres candidatas nestas eleições.

O evento on line contou com as presenças da candidata e da deputada, da ex-presidenta Dilma Rousseff; da presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos; da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), da candidata à prefeitura do Rio, Benedita da Silva, da filósofa Márcia Tiburi e da atriz Maeve Jinkings, que fez a leitura do manifesto, entre outras mulheres das artes, da política e da intelectualidade.

“Este é um manifesto por todas nós para alertar o Brasil sobre a violência política que já está em curso contra mulheres candidatas nas eleições 2020. É uma violência de gênero, machista e misógina, e como tal, afronta os direitos humanos das mulheres. Atacar e ofender mulheres candidatas viola o mais básico princípio de liberdade de expressão e não discriminação”, diz o documento lançado.

“Não vão calar nenhuma de nós. Não vão calar Manuela, tampouco Benedita e nenhuma das mulheres candidatas que representam ideias de liberdade, igualdade, dignidade, respeito e direitos nas eleições municipais 2020. Exigimos que seja garantido a elas e a todas as mulheres o respeito e equidade em debates, entrevistas, redes e ruas. Defendemos o fim da violência política contra as mulheres para que prevaleça a ética na política. Por isso deflagramos uma campanha. Por Todas Nós”, segue o manifesto.

O manifesto exige eleições limpas, sem agressões e fake news; que seja garantido a todas as mulheres o respeito e equidade em debates, entrevistas, redes sociais e nas ruas e que as autoridades eleitorais respondam às agressões e garantam as eleições. (Leia a íntegra e assine abaixo)

Mulheres unidas

“É linda a nossa resistência, mas é um absurdo que em 2020 nós, mulheres que somos de gerações tão diferentes, vivamos a mesma realidade que perpassa gerações de um processo político marcado por ataques tão rebaixados a nós, à nossa honra, à nossa intimidade, às nossas famílias, àquilo que nos torna quem nós somos”, disse Manuela durante a live.

“Nosso manifesto hoje é para recuperar a ética na política, para sublinhar a palavra “ética”, a palavra “democracia”, a palavra “mulher”, para denunciar o que está acontecendo contra as mulheres candidatas a prefeita”, explicou Maria do Rosário.

A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, destacou:  “precisamos reagir e reagir com alegria, com irreverência, com debate de ideias”.

A ex-presidenta Dilma Rousseff enfatizou: “Lutar contra essa violência é crucial. Votar em uma de nós é votar em todas nós”.

A deputada Jandira Feghali ressaltou: “Não há democracia sem mulheres, sem o pleno direito das mulheres. É uma batalha dura que nós vamos fazendo, rasgando esses panos e saltando esses muros e furando essas barreiras”. E Benedita da Silva, por sua vez, declarou: “A gente está junto, com muita força, eles não podem conosco!”.

A filósofa Márcia Tiburi afirmou: “Fico muito feliz e muito grata à Maria do Rosário por ter criado esse movimento na direção da Manuela d’Ávila, minha querida amiga a quem eu admiro tanto, essa pessoa tão bonita, maravilhosa, inteligente, essa mulher política que é incomparável e que desperta, evidentemente, a inveja dos brutamontes da política, dos filhinhos de papai”.

Mais adiante, Manuela arrematou: “Eu nunca sofri tanta violência quanto em 2018 e 2020; mas eu também nunca fui tão abraçada como sou entre 2018 e 2020. E acho que este nosso ato é um ato de denúncia e eu peço que vocês encaminhem (o manifesto) às nossas autoridades, que naturalizam a violência, que tratam a violência como mais um elemento da disputa política e ela não é”.

(Foto: Reprodução do Twitter)

A candidata do PCdoB colocou, ainda, que “nós queremos disputar e eu quero disputar ideias com todos que têm ideias no mesmo naipe. Eu não quero discutir implante de cabelo de deputado homem, de candidato a prefeito; não quero discutir se é a terceira, a quarta ou a quinta mulher de candidato a prefeito; eu não quero discutir, sequer – e poderia querer discutir – quem cria os filhos de candidato a prefeito porque esse é um assunto que me interessa porque tem a ver com a divisão social e sexual do trabalho. Mas, não quero fazer essas discussões; eu quero discutir saneamento, água, escola, transporte, coleta de resíduos, creche, eu quero discutir a cidade”.

Leia e assine o manifesto:

Não vão calar nenhuma de nós! Por Todas Nós

Toda vez que uma mulher é desrespeitada como mulher por quem quer calar sua voz e afetar a liderança política que ela exerce, a democracia é destruída.

Isso afeta e atinge todas nós.

Este é um manifesto Por Todas Nós para alertar o Brasil sobre a violência política que já está em curso contra mulheres candidatas nas eleições 2020. É uma violência de gênero, machista e misógina, e como tal, afronta os direitos humanos das mulheres. Atacar e ofender mulheres candidatas viola o mais básico princípio de liberdade de expressão e não discriminação. 

O Brasil já viveu esta violência recentemente, quando Dilma Rousseff, a primeira presidenta do país, foi alvo da mais perversa campanha contra sua honra e dignidade, levada às últimas consequências por um processo injusto em que o fato de ser mulher foi decisivo.

Despertam indignação os ataques feitos a Manuela D’Avila, candidata a prefeita de Porto Alegre. Enquanto ela apresenta propostas para a cidade, nas redes e debates, há quem a afronte sem apresentar ou debater ideias. Ataques que alimentam preconceito e desrespeito por ser mulher.

Eleição é coisa séria, e a participação das mulheres é essencial para a democracia.

Não vão calar nenhuma de nós.

Não vão calar Manuela, tampouco Benedita e nenhuma das mulheres candidatas que representam ideias de liberdade, igualdade, dignidade, respeito e direitos nas eleições municipais 2020.

Exigimos que seja garantido a elas e a todas as mulheres o respeito e equidade em debates, entrevistas, redes e ruas.

Defendemos o fim da violência política contra as mulheres para que prevaleça a ética na política. Por isso deflagramos uma campanha. Por Todas Nós.

– Exigimos Eleições limpas, sem agressões e fake news!

– Exigimos que seja garantido a todas as mulheres o respeito e equidade em debates, entrevistas, redes sociais e nas ruas.

– Exigimos que as autoridades eleitorais respondam às agressões e garantam as eleições. Por isso esta campanha. Uma campanha Por Todas Nós.

Esse manifesto é movido por indignação pelo que está ocorrendo, mas pela também pela esperança que existe nas palavras de Michele Bachelet:

“Quando uma mulher entra na política, muda a mulher. Quando muitas mulheres entram na política, muda a política.”

Como mulheres que assinamos esse Manifesto, não permitiremos que nenhuma mulher seja desrespeitada pela violência política, pois cada uma representa o direito de Todas Nós.

Nos convocamos a agir pela ética e não violência política contra Manuela. Que as autoridades estejam atentas e tomem iniciativas dentro da lei contra quem ataca e descumpre regras e leis próprias do pleito eleitoral.

Porto Alegre, Outubro de 2020

Para assinar o manifesto, clique aqui

Assista a íntegra da live

Fonte: Portal PCdoB