Ex-assessora de Flávio Bolsonaro admite repasse de salário a Queiroz

Ex-funcionária da Assembleia Legislativa do Rio, Luiza Sousa, afirmou em depoimento que repassou maior parte de salário a Fabrício Queiroz entre 2011 e 2017, totalizando cerca de R$ 160 mil

(Foto: Hugo Barreto/Metrópoles)

O jornal Globo teve acesso ao depoimento da ex-assessora do senador Flávio Bolsonaro, Luiza Sousa Paes, que admitiu ser obrigada a devolver 90% do salário enquanto esteve na lista de funcionários do filho do Presidente entre 2011 e 2017. O esquema de peculato, conhecido como “rachadinha”, foi denunciado nesta quarta-feira (4) pelo Ministério Público do Rio. 

Luiza Sousa foi nomeada assessora de Flávio Bolsonaro para o gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) em agosto de 2011, onde permaneceu por cerca de nove meses. Posteriormente, foi alocada em outros setores da Assembleia – TV Alerj e Departamento de Planos e Orçamento. O valor mensal bruto do salário que deveria receber durante o período que trabalhou na Assembleia é próximo de R$ 5 mil reais. Segundo Luiza, ela retinha apenas R$ 700, e ainda era obrigada a devolver 13º, férias, vale-alimentação e o valor recebido pela Receita Federal como restituição do imposto de renda. 

A ex-funcionária apresentou extratos bancários para comprovar que transferiu cerca de R$ 160 mil reais a Fabrício Queiroz durante o vínculo com o senador. Queiroz é ex-chefe de segurança de Flávio e o principal suspeito em operar o esquema de desvios de salários. Luiza também apontou outros três funcionários que participavam do esquema ligados a Queiroz. As duas filhas, Nathália e Evelyn, e uma amiga da família, Sheila Vasconcelos. Segundo dados financeiros obtidos pela investigação, o ex-policial recebeu R$ 878,4 mil das três funcionárias fantasmas. 

O caminho até Luiza Sousa traçado pela investigação começou com o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o qual apontou apontou oito assessores que fizeram depósitos suspeitos para Fabrício Queiroz ao longo de 2016. 

O método para devolver parte do salário descrito pela ex-funcionária consistia em abertura de uma nova conta na agência da Alerj, saques do salário na boca do caixa e logo em seguida transferência para a conta de Queiroz. A partir da quebra de sigilo bancário, o MP já tinha rastreado o repasse de R$ 155 mil entre Luiza e Queiroz. 

O envolvimento dela no esquema foi por intermédio do pai, Fausto. As famílias foram vizinhas em Oswaldo Cruz, na zona norte do Rio. Com 19 anos, próximo do fim da graduação em Estatística, Luiza procurava um estágio e Queiroz disse que poderia ajudar. Até o dia da posse, em 12 de agosto de 2011, ela afirma que não sabia do esquema da “rachadinha”. A equipe do gabinete nunca repassou tarefas a jovem, que fez um acordo com o MP para devolver todos os valores que permaneceram em sua posse.

Notas dos advogados de Flávio e Queiroz

A defesa do senador Flávio Bolsonaro se manifestou em nota:

“Dentre vícios processuais e erros de narrativa e matemáticos, a tese acusatória forjada contra o Senador Bolsonaro se mostra inviável, porque desprovida de qualquer indício de prova. Não passa de uma crônica macabra e mal engendrada. Acreditamos que sequer será recebida pelo Órgão Especial. Todos os defeitos de forma e de fundo da denúncia serão pontuados e rebatidos em documento próprio, a ser protocolizado tão logo a defesa seja notificada para tanto”.

O advogado da defesa de Fabrício Queiroz, Paulo Emílio Catta Preta, informou por nota que “Luiza também é investigada – e agora acusada – sendo certo que o ordenamento legal lhe assegura o direito de apresentar qualquer versão que entenda como favorável à sua defesa, inclusive versão que não condiga com a realidade”. 

Com informações de O Globo

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