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Vou combater a desigualdade social todos os dias, diz Manuela

A candidata da aliança PCdoB-PT defendeu ainda que é preciso virar a página da política da falta de diálogo em Porto Alegre e criticou boicote de Bolsonaro à vacina contra o novo coronavírus

Foto: Guilherme Santos/Sul21

A candidata à Prefeitura de Porto Alegre, Manuela D’Ávila (PCdoB), defendeu mudanças na estratégia de combate ao coronavírus na capital gaúcha. Em entrevista à Rádio Guaíba, na segunda-feira (02), ela apontou que a gestão municipal deverá intensificar a atuação das equipes de agentes comunitários de saúde e ampliar a testagem e o rastreio de casos de Covid-19 na cidade.

“Nós teremos uma política de testagem sólida e as equipes de saúde da família trabalhando de maneira permanente. A Prefeitura ficou nesse processo de demissão e assédio, com os trabalhadores do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (IMESF) em plena pandemia. E nós sabemos que quem pode impedir o contágio é quem está nas comunidades, são os agentes comunitários de saúde, são aqueles que podem buscar, identificar, testar e isolar para que o contágio não se acelere”, disse.

Manuela ainda criticou Bolsonaro pelo boicote à vacina e condenou sua política que opta por não salvar a vida dos brasileiros. “Tem um absurdo maior do que a gente ter um presidente que diz que não vai dialogar com a maior economia do mundo, que é a China, para buscar vacina, para permitir que a economia volte a se movimentar e que as pessoas não morram”, disse Manuela durante a entrevista.

Ela defendeu ainda que sua gestão, caso eleita, ampliará o diálogo com a sociedade, os órgãos do governo e do legislativo.

Manuela tem mantido contato com mulheres da periferia l Foto: Danilo Christidis

“Farei várias coisas diferentes do que já foi feito até agora, em relação a vários temas. O primeiro deles será dialogar com a cidade. Eu acredito no diálogo com a Câmara de Vereadores, essa é minha origem política e eu sei que o prefeito, no meu caso, a prefeita, tem que ser o primeiro a dar o sinal para a cidade de que é preciso que a gente vire a página da política da falta de diálogo, da falta de construção de novos consensos”, afirmou Manuela D’Ávila, que lidera as pesquisas de intenção de voto na capital gaúcha.

Segundo a candidata, ela entrou em contato no mês de março com o governador do Rio Grande do Sul, Alexandre Leite e o atual prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior, para propor uma política de diálogo, de ações conjuntas para combater a pandemia.

“Escrevi aos dois dizendo que achava que tínhamos que criar um comitê de crise, um órgão que compactuasse prefeito, oposição, vereadores, Conselho Municipal de Saúde, empresários, trabalhadores, para que a gente tomasse um rumo na cidade, justamente, porque é um tempo muito difícil que estamos vivendo. Se é difícil com diálogo, imagina sem. Então, primeiro, eu terei um comitê de crise permanente”, salientou.

Retomada da educação

Segundo Manuela “existe um debate que precisa ser feito que é sobre a retomada do ano letivo. Como nós não perdemos o ano letivo do ponto de vista objetivo, e isso para mim também tem que ser feito de forma diferente da qual o prefeito conduziu”.

Ela criticou uma declaração do atual secretário municipal de Educação, Adriano Naves Brito, descartando ouvir pais e professores sobre o retorno das aulas e que a decisão é institucional e técnica, durante entrevista ao Correio de Povo. “Imagine, eu fiquei esperando que eles desmentissem. Sabe aquele: ‘Bah, o cara vai dizer que não quis dizer isso, não é possível que ele tenha dito e ache razoável, vai se desculpar’, mas não. Quer dizer, um absurdo. Nós precisamos da gestão democrática, precisamos de diálogo com pais, mães, professores, precisaremos de horas extras, provavelmente, para recuperarmos com o tal do ensino híbrido”, afirmou.

Foto: Danilo Christidis

“Todo mundo fala de ensino híbrido, mas uma coisa é o ensino híbrido do meu enteado que vive comigo, que faz aula de segunda a sexta, no computador com internet, ou a minha filha que tem internet dentro de casa, com computador meu que eu empresto. Nós estamos falando de alunos da rede municipal, em que 88% não tem internet, mesmo que as escolas tenham”, apontou Manuela, defendendo ainda que se 2021 pode ser um ano “da chamada pandemia intermitente, nós precisaremos resolver isso”.

Manuela ainda disse qual é sua proposta para resolver a falta de acesso à internet, na capital gaúcha. “Vocês sabem que a Prefeitura tem uma empresa pública, a Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa), que é uma empresa de porte médio. Nós somos uma cidade com mais de mil quilômetros de cabeamento, vários desses lugares, até mesmo escolas e postos de saúde sem internet. A nossa proposta é que com um investimento de R$ 18 milhões de reais, a gente estabeleça sinal de rádio nesses lugares e que o sinal seja aberto, possibilitando então, que essas comunidades tenham acesso à internet”.

Projeto

Para Manuela, o que a leva a liderança nas pesquisas é reflexo do “que nós apresentamos como projeto político”. “As pessoas vivem o abandono da cidade. As pessoas vivem o desemprego, anterior a pandemia. A gente teve 31 mil empregos perdidos entre 16 e 18%. 18% dos desempregados procuram emprego há mais de dois anos de forma contínua”.

De acordo com a candidata, “a pandemia veio e as pessoas percebem a necessidade de Saúde, Educação Pública. Percebem a necessidade de uma Prefeitura que governe de maneira permanente e não apenas na véspera na eleição”.

Manuela e Miguel Rosseto em Campanha l Foto: Danilo Christidis

Durante a entrevista, Manuela foi questionada sobre sua filiação ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). A candidata resgatou sua trajetória no movimento social e político e defendeu o fim das desigualdades sob o espírito de ‘comunhão’ entre as pessoas.

“Sou formada em jornalismo, mestre em políticas públicas. Me dediquei no último período a estudar políticas que deram certo no mundo inteiro, em cidades como Barcelona, que podem ser, digamos assim, replicadas aqui, dentro da dinâmica de Porto Alegre. E eu fico feliz de seguir fiel ao meu partido e às ideias daquela menina de classe média, alguém que não se conformava com a desigualdade de nossa cidade”, afirmou Manuela.

Para a candidata uns terem boas condições de vida enquanto outros passam fome e não tem onde morar é motivo de indignação e mobilização por mudanças. “Às vezes eu vejo as pessoas me perguntarem assim: ‘Ah, mas você tem uma casa e está lutando pelos outros’, como se isso fosse o errado. Para mim, o errado segue sendo eu ter uma casa, a minha filha ter comido um bolo que eu preparei de manhã, enquanto crianças não têm comida, enquanto mulheres como eu, não conseguem colocar seus filhos sob um teto. Eu digo isso porque esse é o meu compromisso. O compromisso de enfrentar a desigualdade. E eu me espanto muito com pessoas que não se espantam, não se escandalizam, não se entristecem, com uma desigualdade tão grande quanto a que a gente vive no nosso país”.

“Comunismo vem de comunhão, de que as pessoas podem ter aquilo que é comum, desfrutarem do que há de belo, do que há de bonito na vida. E eu me inspirarei nessas ideias para enfrentar a profunda desigualdade que assola Porto Alegre. Uma desigualdade que fez com que nós registrássemos no último período uma marca tristíssima. Nós somos a capital mais desigual da região Sul”, destacou Manuela.

Para a candidata, o direito à vida e à dignidade é o que faz dela a candidata em primeiro lugar nas pesquisas. “Então, eu sei que os homens e as mulheres me colocam em primeiro lugar porque sabem que é esse o compromisso que levarei para a Prefeitura. E sabem mais, sabem que eu dialogarei com todos os países”.

“A desigualdade em Porto Alegre se reflete quando a gente abre a nossa torneira em janeiro e o pessoal da Lomba e do Bom Jesus não tem água saindo. Ou então quando chove e a gente fica olhando os raios da nossa janela e o povo do Sarandi vê o rio subir e entrar dentro das casas deles. Essa desigualdade, que fez eu me organizar politicamente lá atrás é viva em Porto Alegre. E eu serei uma Prefeita que vai trabalhar dia e noite, todos os dias, para combater essa desigualdade”, salientou.

“Dizem que nós mulheres fazemos muita coisa ao mesmo tempo. Acho que a Prefeitura de Porto Alegre precisa de alguém assim, porque tem muita coisa para fazer”, finalizou Manuela.

Fonte: Hora do Povo

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