Cinco anos após desastre em Mariana, concentração de poluentes é alta

Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) constatou que a água no litoral capixaba apresenta concentração elevada de rejeito de minério oriundo do rompimento da barragem em Mariana. Os rejeitos se aproximam do Parque Nacional de Abrolhos, uma unidade de conservação marinha

barragem Mariana

Após cinco anos do acidente da mineradora Samarco em Mariana (MG), a costa capixaba região continua recebendo poluentes. Um estudo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) constatou que a concentração de rejeito de minério que chega ao mar permanece elevada.

Os pesquisadores compararam amostras recolhidas em 2012 em relação às colhidas em anos que se seguiram ao rompimento da barragem em Mariana. Nas instalações do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, a oceanógrafa Valéria Quaresma, em parceria com o físico Marcos D’Azeredo Orlando, analisou o material com o UVX. O acelerador de partículas é utilizado para produção de luz “síncrotron”, feixes de radiação concentrada e intensa usados para análise de material.

Com a técnica chamada de difração de raios X, os cientistas detectaram um aumento na concentração de ferro encontrado, que apresentou características semelhantes ao do ferro medido no rejeito da barragem. O estudo foi publicado na revista Chemosphere, na qual o pesquisador e seus coautores passam um recado alarmante: “No estágio atual, é impossível prever quão longa a presença dos rejeitos no sedimento vai persistir no ambiente marinho”.

Apesar de um número menor de vítimas fatais em relação à tragédia em Brumadinho, o rompimento da barragem de Mariana causou problemas ambientais mais nocivos. A pesca na região afetada, por exemplo, tem restrições até hoje. O caminho dos rejeitos é rumo ao litoral e cada vez mais é presente no leito oceânico na direção do Parque Nacional de Abrolhos, uma unidade de conservação marinha.

“Temos indícios fortes de que, após grandes chuvas e tempestades no mar, a lama com rejeito sofre ‘ressuspensão’ na coluna d’água, no rio e no mar, e é transportada”, explicam Orlando e seus coautores, num documento de apoio ao estudo publicado em outubro.

“Uma parte desse material é tão fino, um ‘coloide’, que praticamente não se deposita quando suspenso. Isso indica que ainda existe material se movimentando e que necessitamos continuar o monitoramento”, dizem os pesquisadores.

Em 2016, a Samarco e a Vale – sua empresa controladora – criaram a Fundação Renova, para administrar as indenizações a vítimas e reparos ambientais. A Globo procurou a fundação que afirmou que “os monitoramentos sistemáticos de qualidade de água, sedimentos e de biodiversidade têm apontado para a progressiva melhora das condições ambientais após o rompimento”. “Diversos estudos científicos evidenciam que a presença de metais, como o ferro, alumínio e manganês, já é registrada em níveis elevados historicamente na região, previamente ao rompimento.”

Com informações de O Globo

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