Derrota iminente de Trump deixa bolsonaristas em estado de tensão

Saída de ministros “ideológicos”, como Ricardo Salles e Ernesto Araújo está igualmente no radar do governo brasileiro

Se Donald Trump realmente perder a disputa para Joe Biden e não se reeleger presidente dos Estados Unidos, haverá reflexos no Brasil. É o que avaliam aliados presidente Jair Bolsonaro, conforme revelado nesta sexta-feira (6) no Blog da Andréia Sadi (G1).

Para o presidente brasileiro, Trump é uma espécie de fonte de inspiração. “Bolsonaro sempre copiou o estilo do americano – partidário de confrontos, inimigos imaginários e teorias da conspiração, além de uma atuação combativa e agressiva nas redes sociais, alvo de críticas em Brasília”, diz a jornalista. Como essa postura beligerante não ajudou a manter Trump na Casa Branca, os bolsonaristas ficaram em estado de tensão.

“Na avaliação de interlocutores do presidente brasileiro, o governo precisa fazer uma ‘reflexão’”, relata o blog. “Eles defendem um Bolsonaro cada vez mais pragmático, moderado na política para buscar a reeleição, e distante do chamado grupo ideológico. Bolsonaro, para sobreviver politicamente, já havia adotado o pragmatismo nos últimos meses e está cada vez mais aliado ao Centrão e ao que chamava de velha política”.

Não bastasse a iminente derrota de Trump, o entorno do presidente se assusta com o mau desempenho dos candidatos a prefeito apoiados por Bolsonaro nas eleições municipais no Brasil. “Também há uma defesa no governo de que Bolsonaro seja pragmático para o segundo turno e apoie candidatos que evitem a vitória de adversários políticos.”

Como isso se daria? “No caso de SP e RJ, por exemplo, governistas querem que Bolsonaro apoie Eduardo Paes (DEM) se Martha Rocha (PDT) for para o segundo turno, para impedir o partido de Ciro Gomes (PDT) de vencer a eleição na capital fluminense. Em São Paulo, se Bruno Covas (PSDB) for contra Marcio França (PSB), Bolsonaro poderia apoiá-lo para derrotar Doria, do mesmo partido que Covas.”

Para Andréia Sadi, sem os “constrangimentos” abraçar a “velha política” e negociar com “partidos considerados fisiológicos”, Bolsonaro passa a ter outro desafio: “se afastar do chamado núcleo ideológico. Motivo: dois de seus filhos (Carlos e Eduardo) são os principais entusiastas do chamado grupo ideológico, e cobram gestos do presidente aos apoiadores ‘raiz’”.

A saída de ministros “ideológicos”, como Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) está igualmente no radar. Mas isso, segundo o blog, “só deve – se ocorrer – em janeiro”, em especial “no caso do Meio Ambiente.

Por fim, a criminosa resposta dos governos Trump e Bolsonato à pandemia de Covid-19 tem um custo. Assessores bolsonaristas “admitem que Trump foi avaliado pela gestão ruim durante a pandemia – e respiram aliviados que a eleição presidencial no Brasil só ocorrerá em dois anos. Eles acreditam que a forma como Bolsonaro lida com a pandemia, minimizando a crise, pesaria mais na reeleição se fosse agora”.

Com informações do G1

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