A vacina, a Anvisa e as ações de Bolsonaro, por Vanessa Grazziotin

“O próprio Poder Legislativo que dispõe de inúmeros pedidos de impeachment tem que fazer alguma coisa porque Bolsonaro não pode impunimente continuar atentando contra a vida humana”

Foto: Reprodução

Vivemos mais um episódio grave e lamentável em torno da pandemia da covid-19, mais um fato patrocinado pelo governo de Jair Bolsonaro. Na noite da última segunda-feira (9), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma nota em que paralizava todos os testes que vêm sendo realizados no Brasil em torno da vacina contra a covid-19, a vacina CoronaVac.

Vacina essa do laboratório Sinovac, de origem chinesa, cujos estudos no Brasil ocorrem em parceria com o laboratório público do estado de São Paulo, o Instituto Butantã. Um laboratório reconhecido, renomado. A principal referência na produção de vacinas no Brasil e uma das principais referências do mundo.

Por conta de um evento adverso que foi comunicado à Anvisa, a agência imediatamente, sem buscar mais detalhes, determinou a suspensão dos testes. Ocorre que, na sequência, o tal evento adverso grave, que teria ocorrido com um dos participantes desta pesquisa, ficou claro que foi um evento que não tinha absolutamente nada a ver com a vacina.

A imprensa, na sequência, divulgou que a causa do óbito foi suicídio. Pois bem, mesmo sabedora desse fato, a agência, que deveria ter voltado atrás imediatamente, não o fez. Continuou mantendo a suspensão da realização dos testes.

Só após ser cobrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com prazo de 48h para explicar os motivos da paralisação, a Anvisa autorizou a retomada dos testes nesta quarta-feira (11).

Ou seja, este episódio, deixa claro que a agência vem cumprindo determinações políticas que partem do presidente da República Jair Bolsonaro.

Porque todos nós sabemos o quanto ele quer dificultar e até impedir o desenvolvimento da vacina, especificamente esta do laboratório Sinovac, apenas porque a origem é chinesa. Apenas por isso.

Ainda em outubro nós vimos o quanto a Anvisa dificultou a importação da matéria prima e da própria vacina por parte do Butantã. Para que a Anvisa liberasse a importação, foi preciso uma forte pressão popular que ocorreu no Brasil inteiro.

Ou seja, mais uma vez Jair Bolsonaro age contra a vida, de forma genocida. Enquanto o mundo inteiro aguarda ansiosamente pelo desenvolvimento dessa vacina e enquanto governantes e presidentes de vários países do mundo inteiro trabalham no sentido de cooperar para que essas vacinas sejam desenvolvidas.

Bolsonaro faz exatamente o inverso, mostrando não apensas desprezo pela vida, mas ignorância, porque o que mais têm no Brasil são produtos de origem chinesa ou que parte dos seus componentes sejam de origem chinesa.

Mas não, Jair Bolsonaro prefere colocar a sua ideologia, os seus princípios acima da vida humana e isso não pode continuar, não pode. É preciso barrar Bolsonaro e não apenas constatar as barbaridades que ele comete, que ele promove.

Os outros poderes precisam agir com força, com independência. O Poder Judiciário e o Poder Legislativo não podem assistir a esses episódios paralisados, imobilizados. Precisam agir! O Ministério Público anuncia uma investigação em relação à conduta da Anvisa. Mas é preciso ir além.

O próprio Poder Legislativo que dispõe de inúmeros pedidos de impeachment tem que fazer alguma coisa porque Bolsonaro não pode impunimente continuar atentando contra a vida humana. Precisamos reagir. Os poderes precisam reagir contra o genocida chamado Jair Bolsonaro.

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