Covid-19: Monitoramento aponta aumento de casos suspeitos na Grande SP

Baseada em Inteligência Artificial, InfoTracker aponta aumento de casos suspeitos na grande SP e capital, enquanto interior do estado mantém estabilidade e queda

Número de casos suspeitos de Covid-19 no Estado de São Paulo aumentou, de acordo com ferramenta de monitoramento. A plataforma, chamada Info Tracker, registrou crescimento de possíveis casos de síndrome respiratória na Grande São Paulo e na capital, enquanto o interior mantém estabilidade e queda.

Wallace Casaca, docente da Unesp e pesquisador do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP São Carlos, é responsável pela manutenção da plataforma, que usa matemática e Inteligência Artificial para projetar o número de contaminados pela covid-19. Ele conta que os dados da pandemia começaram a ser analisados em março, e que hoje são acompanhadas as situações de 92 municípios de São Paulo.

A coleta de dados é feita por meio do acesso dos boletins epidemiológicos oficiais divulgados pelas Prefeituras. A partir daí, as informações são compiladas, analisadas e disponibilizadas na plataforma. “Tentamos coletar diversos tipos de dados, não só aqueles usualmente disponibilizados pela imprensa. Temos acesso ao número de casos descartados, suspeitos e outros dados, como a frequência com que a Prefeitura atualiza seus boletins. Com isso, podemos tecer varias perspectivas em relação à pandemia”, explica o professor.

O que chamou a atenção dos pesquisadores foi que, de agosto até o início de novembro, enquanto houve um aumento significativo do número de casos suspeitos na Grande São Paulo, no interior do Estado esse dado foi diminuindo.

Casaca conta que “em Campinas, no dia 1° de agosto, foram registrados 8.500 casos suspeitos e, em 5 de novembro, foi para 4.600, o que é uma queda de 44%. Porém, na região Sudeste da Grande São Paulo, houve um crescimento de 75%. E essa tendência se repete em outras sub-regiões”.

Na capital, há cerca de meio milhão de casos suspeitos. “Em geral, para cada caso confirmado, temos três descartados, o que indica 25% de probabilidade de confirmação de covid-19, dependendo da região. Por termos uma quantidade alarmante de possíveis casos, isso é preocupante. Além disso, as internações se estabilizaram desde meados de outubro, quando o melhor cenário seria a diminuição. Isso é um sinal de alerta”, diz o docente.

Além disso, considerando o número de descartados e confirmados, pode-se estimar a quantidade de testes realizados. Como os casos descartados também registraram queda, isso pode ser um indicativo de que as Prefeituras estão fazendo menos testes, de acordo com o pesquisador. Dadas as circunstâncias, Casaca acredita que o Brasil caminha para uma segunda onda de covid-19: “Apesar de ser difícil inferir sobre isso, considerando a elevação do número de suspeitos, que podem ou não ser confirmados, a estagnação da quantidade de internações e menos testes sendo realizados, é possível que estejamos no início de uma segunda onda”.

Edição de entrevista à Rádio USP

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