Orlando critica medidas erráticas contra Covid-19 em São Paulo
O candidato à prefeitura culpou Bolsonaro pelas mortes da pandemia ao assumir uma “atitude genocida”.
Publicado 13/11/2020 01:06 | Editado 13/11/2020 18:13
Embora não tenha a postura negacionista de Bolsonaro no enfrentamento à pandemia de Covid-19, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), candidato à reeleição não se eximiu de erros que induzem ao contágio dos paulistanos. Foi assim que Orlando Silva (PCdoB) pontuou a atitude “vacilante” do prefeito durante o último debate, realizado pela TV Cultura, entre candidatos a prefeito, nesta noite.
Questionado por Guilherme Boulos (PSOL) sobre onde o prefeito Bruno Covas teria errado na gestão da pandemia na cidade de São Paulo, Orlando Silva (PCdoB) apontou as falhas mortais do governo.
“A prefeitura errou porque vacilou o tempo todo, com abre e fecha comércio. Criou um rodízio totalmente desorganizado, sem transporte coletivo para os trabalhadores. Demorou com os hospitais de campanha, principalmente na periferia. Salvar vidas deveria ser a prioridade de todos”, afirmou.
O candidato critica a flexibilização inadequada do distanciamento social, em que o prefeito estabeleceu critérios obscuros para os comerciantes, assim como abriu a cidade em momento de alto contágio e mortes. A redução de ônibus durante a quarentena fez com que os trabalhadores que estavam na linha de frente da pandemia, acabassem amontoados em veículos lotados, expostos à contaminação.
Mas ele também fez questão de destacar sua diferença com o bolsonarismo associado principalmente ao candidato Celso Russomanno (Republicanos). O comunista foi o primeiro a criticar Bolsonaro no debate, ao dizer que os candidatos a vereador do PCdoB “defenderam propostas pela cidade e denunciaram sempre a atitude genocida de Jair Bolsonaro”.
Ele declarou que considera o presidente Jair Bolsonaro o principal responsável pelas 162 mil mortes no Brasil. “É grave! Ele celebrou e comemorou o suicídio de uma pessoa, suspensão das pesquisas de vacina contra a Covid. Essa atitude genocida temos que denunciar e reverter. Eu quero ter vacina, ser prefeito e imunizar toda a cidade de São Paulo, assim a gente volta às aulas. Sem vacina, a gente não volta”, garantiu o candidato.
Orlando faz referência à disputa entre Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP) que politizam o enfrentamento à pandemia. No último dia 10, Bolsonaro usou a suspensão pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) dos testes da vacina Coronavac para atacar o tucano: “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”. Doria se antecipou num acordo com o laboratório chinês Sinovac para desenvolver e fabricar a vacina no Instituto Butantan.
Laudos do IML (Instituto Médico Legal) e do IC (Instituto de Criminalística) apontam que um voluntário de 32 anos que participava das pesquisas da CoronaVac morreu por consequência de uma intoxicação por agentes químicos. Ainda não se sabe se foi suicídio.
Hoje, em sua live semanal, Bolsonaro voltou a falar no assunto, dizendo que não descartou que a morte do voluntário pudesse ser efeito colateral da vacina. “Vão apurar a causa do suicídio. E daí, obviamente, não tem nada a ver com a vacina. Pode ser um efeito colateral da vacina também? Pode ser, tudo pode ser”, afirmou Bolsonaro.
Sobre o debate
A TV Cultura recebe os dez candidatos à prefeitura de São Paulo mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto para o último debate antes das eleições do próximo domingo (15). O evento tem como mediador o diretor de jornalismo da TV Cultura, Leão Serva.
Na cobertura exclusiva pela internet, a apresentadora Karyn Bravo ao lado do historiador Marco Antonio Villa e do advogado criminalista Roberto Delmanto Júnior, comentam as propostas dos candidatos.
Se houver segundo turno, a emissora também realizará uma edição especial de eleição do programa Roda Viva com os dois nomes mais votados, no dia 23 de novembro.