Governo prevê inflação maior, de 3,13%, e salário mínimo de R$ 1.087

Ministério da Economia atualizou projeções. Para secretário de Política Econômica, possibilidade de segunda onda da Covid-19 é “baixíssima”.

O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida - Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A equipe econômica do governo ajustou para cima a previsão para 2020 da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial. Em lugar da projeção de 1,83% de setembro, o governo federal estima agora uma inflação de 3,13% ao final deste ano.

A previsão está no Boletim MacroFiscal, divulgado nesta terça-feira (17) pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia. Segundo o boletim, o principal responsável pela elevação é o preço dos alimentos. “A evolução do IPCA ao longo do ano mostra que a taxa acumulada em 12 meses do grupo Alimentação no Domicílio, após atingir um valor mínimo de 5,06% em março, acelerou até alcançar 18,41% em outubro”, afirma o documento.

Segundo a secretaria, apesar da elevação no custo dos alimentos o comportamento de outras categorias de produtos contribui para que o índice não ultrapasse a margem de tolerância, prevista na meta da inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Atualmente, a meta é de 4% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, a inflação mínima aceitável é 2,5% e a máxima 5,5% ao ano.

Com o aumento da projeção de inflação, deve haver também um reajuste maior do salário mínimo do que o previsto inicialmente. Antes, a remuneração básica da economia iria de R$ 1.045 para R$ 1.067, um aumento de R$ 22. Agora, o Ministério da Economia projeta um salário mínimo de R$ 1.087,84.

E a segunda onda?

O boletim também prevê uma queda menor para a economia, após a reabertura com o arrefecimento da pandemia. A projeção para a queda do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos pelo país em um ano) passou de 4,7% em setembro para 4,5%. Para 2021, a projeção permaneceu igual, em 3,2%.

A previsão de crescimento econômico não considera a possibilidade de uma segunda onda no novo coronavírus, que já verificou na Europa e Estados Unidos. No Brasil, a média móvel de mortes e casos também tem apresentado crescimento.

No entanto, o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, disse que “estudos internos” indicam que a probabilidade de uma segunda onda no país é “baixíssima”. Os “estudos” do ministério, segundo ele, levam em conta um patamar de 20% de contaminação dos cidadãos brasileiros para alcançar a imunidade de rebanho.

A existência da imunidade de rebanho, isto é, de um patamar de contaminados pela Covid-19 que dificultaria a circulação do vírus, é considerada duvidosa por cientistas sérios. Ainda que fosse comprovada, não é considerada uma estratégia válida para lidar com o vírus, pois a imunidade seria atingida ao custo altíssimo de milhares de mortes.

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