Maradona não foi parar no Cruzeiro por muito pouco, aos 16 anos

Aprovado por olheiros, presidente do clube disse “não” à ida do jogador argentino para Minas

Inacreditável, mas é isso mesmo. É o ‘inacreditável futebol clube’. A história foi lembrada agora pelo repórter Josias Pereira no jornal O Tempo de Belo Horizonte. Um grupo de observadores do Cruzeiro chegou a ver Diego Maradona, então com 16 anos, jogar pelo Argentinos Junior. O craque argentino só não veio para Minas por causa de um “não” do falecido presidente Felício Brant.

O ano era 1976 e, ao contrário de hoje, quando amarga a Série B, o time mineiro estava em evidência por conquistar a Taça Libertadores da América contando com craques como Piazza, Joãozinho, Zé Carlos e Dirceu Lopes. Convites para excursões e jogos pelos países vizinhos não faltavam, assim como não faltavam jovens jogadores atrás de uma oportunidade num grande clube como era o Cruzeiro. Um desses era Diego Maradona. 

Ao lado do ex-técnico Ilton Chaves e do massagista Guido, Benecy Queiroz, hoje administrador da Toca da Raposa II, acompanhou uma partida do garoto Maradona na periferia de Buenos Aires. “O mês de agosto era sempre destinado a excursões, com os clubes do futebol brasileiro recebendo convites para viagens. O Cruzeiro teve muitas partidas assim naquele período. Éramos sempre convidados”, recorda Benecy. 

“Numa dessas oportunidades, nos foi oferecido o Maradona e fomos acompanhar uma partida dele. Estava eu, o massagista Guido e o Ilton Chaves. Me recordo que ventava muito no dia e o campo sequer possuía grama totalmente. Mas nada disso impediu aquele garoto de mostrar seu potencial. Todos que estavam ali e o viram foram unânimes. Não vou dizer que ele era um gênio, mas já dava sinais de que seria um jogador fora da curva”, acrescentou. 

Aprovado pelo trio, caberia ao então presidente Felício Brandi a decisão de ter ou não com Maradona na sequência da excursão do Cruzeiro. Mas o dirigente celeste teve a infeliz ideia de não contar com o garoto. “Eu creio que naquela época o Cruzeiro tinha tantos bons jogadores que talvez o Maradona não conseguiria ter grandes oportunidades de mostrar o futebol na excursão. São coisas que acontecem no futebol. Quantas vezes alguns atletas levaram um ‘não’?”, observa Benecy.

“Eu, sinceramente, não vejo isso como uma perda pelo Cruzeiro. Na verdade, eu digo que isso era o que tinha que ter acontecido. E, para nós, que estivemos lá e o vimos, é um momento marcante, saber que presenciamos o nascimento de um dos maiores nomes da história do futebol mundial. Isso é de um privilégio enorme. Quantos não tiveram a chance de ver isso? Foi uma oportunidade que se mostrou para o Cruzeiro e naquele momento não era favorável. Mas houve contato sim”, garante Benecy. 

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