França lança plano para acabar com dependência de soja do Brasil
Governo francês quer driblar “desmatamento importado”. China também busca novas fronteiras agrícolas para reduzir dependência.
Publicado 02/12/2020 16:13
O governo francês anunciou um plano para aumentar cultivo de leguminosas a fim de driblar o “desmatamento importado”. O governo e o setor agrícola franceses “se comprometeram a aumentar em 40% as áreas destinadas ao cultivo de plantas ricas em proteínas em apenas três anos. Isso equivale a 400.000 hectares extra de terra para cultivo até 2023″, segundo matéria da Veja.
Segundo o ministro da Agricultura da França, Julien Denormandie, essa é uma etapa “intermediária”: em dez anos, o governo promete dobrar a área cultivada, chegando a 2 milhões de hectares dedicados ao cultivo de oleaginosas e leguminosas em 2030.
Os produtores franceses assinaram uma “carta de compromisso”, prometendo respeitar a meta em troca de ajuda financeira, no valor de 100 milhões de euros (cerca de R$ 630 milhões) durante dois anos, para incentivar o cultivo e a pesquisa.
Segundo Denormandie, a empreitada tem como objetivo a “garantia da ‘soberania agroalimentar’ e o fim da importação de soja ligada ao desmatamento.” Segundo a Veja, a França é o maior importador “de farelo de soja brasileiro na União Europeia: das 2,2 milhões de toneladas que atravessaram suas fronteiras no último ano, mais de 88% veio do Brasil.”
A França não é o primeiro país a buscar independência das importações agrícolas brasileiras. A China está fazendo o mesmo movimento. No caso dos franceses, trata-se de uma reação às políticas contra o meio ambiente do governo de Jair Bolsonaro.
Já a China, que está investindo em novas fronteiras agrícolas na África, reage à postura ideológica do governo no afã de se alinhar ao Donald Trump, que em breve deixará de ser presidente.
Além de ter recebido ofensas públicas de membros ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, e do filho do presidente da República e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), há o risco de a China ser excluída do leilão da tecnologia 5G.