O que podemos aprender com as eleições de 2020, por Vanessa Grazziotin

“Então creio que tendo se findado este processo eleitoral municipal precisamos arregaçar as mangas e ir a luta, fazer oposição não apenas quanto à forma do governo Bolsonaro, mas sobretudo contra o conteúdo do governo Bolsonaro”

Rovena Rosa ABR

Com a realização do segundo turno no último domingo e conclusão do processo eleitoral nos municípios brasileiros, estamos percebendo que a imprensa força a mão para tentar dizer – ou vender a opinião – que os dois extremos foram derrotados. Ou seja, que tanto a extrema direita quanto a extrema esquerda foram derrotadas. O que não é verdade, não corresponde aos fatos. 

Primeiro, creio que o segundo turno apenas reforçou o fato de que o grande derrotado do processo eleitoral chama-se Jair Bolsonaro. Não apenas pela votação pífia dos partidos pequenos que fazem parte dessa extrema direita e que estão ao redor do presidente da República, mas pelo fato de que quase a totalidade dos candidatos que ele apoiou diretamente não apenas foram derrotados nas eleições, mas sofreram uma derrota fragorosa.

Então acho que o segundo turno das eleições destacou com mais força isso. 

Obviamente que quem mais ganhou espaço, que aliás, manteve os espaços que tinha, foi a direita, seja ela a direita neoliberal ou a direita que se agrupa no chamado centrão. O que houve foi apenas trocas de posições.

A prefeitura que era do PSDB passou para o MDB, que por sua vez passou para o PSD, que por sua vez passou para o PP. Ou seja, a direita do Brasil é que mantém, como nos últimos tempos manteve, a concentração e o maior número de prefeituras de todo o país. 

Creio que de nosso lado, do lado das oposições, da esquerda – nós que defendemos um projeto de nação independente, soberana, uma nação que se desenvolva de acordo com as suas potencialidades, nós que somos contrários a esse projeto neoliberal – nós precisamos extrair desse processo eleitoral algumas lições. 

A primeira é a importância e a necessidade de uma unidade com a formação de uma frente progressista para que possamos disputar em condições de igualdade as eleições de 2022. Então, a formação de uma frente ampla, progressista e antineoliberal é fundamental.

E as rugas que ficaram no processo de disputa entre PT, PSB, PDT, PCdoB, devem ficar de lado, pois são questões muito menores em relação à questão maior que é tirar o Brasil das mãos do projeto neoliberal. 

A segunda lição que nós precisamos extrair desse processo eleitoral é a necessidade de voltarmos às bases. Não apenas os parlamentares, não apenas os sindicalistas, mas todas e todos precisam voltar às bases, organizar e esclarecer a população, mostrar à população qual é o melhor projeto de Brasil e qual é o melhor projeto para o povo brasileiro. 

E nesse aspecto creio que, o que vai pesar para 2022 não será tanto o resultado dessas eleições, será sim a situação econômica do país. E tudo indica que a situação econômica do Brasil é de deterioração.

E também pelo fato de que Bolsonaro sinaliza para superar os problemas econômicos pelo caminho errado, pelo caminho da contenção de gastos, pelo caminho da retirada de direitos, pelo caminho da diminuição e congelamento dos salários dos trabalhadores. Por este caminho não superaremos a crise e traremos mais sofrimento para o Brasil. 

Então creio que tendo se findado este processo eleitoral municipal precisamos arregaçar as mangas e ir a luta, fazer oposição não apenas quanto à forma do governo Bolsonaro, mas sobretudo contra o conteúdo do governo Bolsonaro. E isso devemos fazer de forma coesa e em unidade, nós, o conjunto dos partidos progressistas e avançados do nosso país. 

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