País está sem gestão de política econômica, afirma Flávio Dino

Governador defendeu investimento público e disse que Maranhão pratica responsabilidade fiscal com responsabilidade social.

Flávio Dino participa de live do Portal Vermelho

O país não tem gestão de política econômica e o desafio para 2021 é “gigantesco”, avalia o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). “Não temos política econômica coerente e sintonizada com as necessidades nacionais, que aponte na direção do crescimento, desenvolvimento, distribuição de renda, da reindustrialização do país”, afirmou Dino, que concedeu entrevista à equipe do Portal Vermelho em live nesta quinta-feira (10).

O governador do Maranhão também criticou a postura do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente da República, Jair Bolsonaro, que parecem não ter consciência da dimensão e da profundidade da crise, que lançou 13,8 milhões de brasileiros ao desemprego.

“Já temos uma tendência negativa na conjuntura por conta da pandemia e isso fica mais complicado quando sequer temos equipe econômica. O Paulo Guedes [ministro da Economia] riscou da cartilha em que foi alfabetizado certas palavras como, por exemplo emprego, desenvolvimento, combate à pobreza. E o Bolsonaro, esse mesmo é que não tem a mais vaga noção do que se passa ao redor dele. É realmente inacreditável o nível de despreparo, ao ponto de, em meio a um debate relevantíssimo sobre vacinas, ele achar correto inaugurar exposição de paletó e vestido”, comentou.

Flávio Dino defendeu a necessidade de reanimar a economia por meio do investimento público. “O que precisamos fazer é, sem dúvida, reanimar a sociedade, o mercado, o setor privado e para isso a liderança do Estado é vital”, declarou. Segundo ele, é o que tem sido feito no Maranhão. “O Maranhão pratica a responsabilidade fiscal e, ao mesmo tempo, a responsabilidade social. Que é o caminho correto”, afirmou o governador.

Dino destacou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Maranhão cresceu 2,9% em 2018, em comparação com crescimento de 1,8% do PIB do país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ressaltou ainda que, em 2020, o estado teve o quarto ano consecutivo de saldo positivo na geração de empregos formais segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Este ano, durante a pandemia, o governo estadual criou o Plano Emergencial de Empregos Celso Furtado, que envolve obras públicas tocadas por empresas privadas, editais de compras de produtos da economia solidária e outras ações. “Cada real desses circulando na economia gera oportunidades de trabalho para além da construção civil, porque alcança o setor de comércio, serviços e assim sucessivamente. É uma coisa básica, mas, a essas alturas, o básico parece genial”, comentou Dino.

Em âmbito nacional, o governador vê a capacidade de investir do Estado comprometida devido à Emenda Constitucional (EC) 95, que instituiu o teto de gastos, limitando o crescimento das despesas públicas à inflação do ano anterior até 2036. Devido à regra excessivamente rígida, driblada em 2020 para o enfrentamento à pandemia, é incerto o volume de recursos disponíveis em 2021 para fazer frente aos efeitos da crise sanitária, que ainda devem se prolongar na economia.

“Esses setores hegemônicos do mainstream econômico estão doidos para rasgar [a regra do teto] mas querem fazer de um modo elegante ou sub-repetício, clandestino. E essa é a razão desse impasse todo. Se o orçamento [de 2021] for feito sob a ótica da Emenda Constitucional 95, o Brasil pode ir para um apagão em vários setores, desde buraco em estrada até saúde e educação”, prevê.

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