Covid: Produção atual de vacina só atende a um terço da demanda global

Mundo precisa de 17 bilhões de doses para imunizar toda a população

A indústria farmacêutica deverá dobrar, ou até mesmo triplicar, sua capacidade de produção de vacinas para imunizar a população mundial contra a Covid-19. É o que avaliam fontes do mercado que acompanham a intensa atividade de montagem e utilização de novas fábricas.

A capacidade mundial de produção de vacinas em geral (não incluindo para gripe sazonal) é estimada, hoje, entre 3 e 5 bilhões de doses por ano – cerca de um terço da demanda global. Os laboratórios precisam não só manter a produção de diferentes vacinas já existentes – mas também ter linhas específicas para combater a Covid-19. As estimativas são de, nesse cenário, a produção total chegar a 17 bilhões de doses.

Testes clínicos mostram que serão necessárias duas doses por pessoa para obter a imunização desejada contra o vírus que já matou milhões de pessoas. Isso significa uma demanda global de 12 bilhões a 15 bilhões de doses para toda a população mundial. Para elevar a capacidade de produção a níveis jamais vistos antes, os laboratórios estão operando em “território desconhecido”.

Mesmo assim, os contratos fechados por alguns grandes laboratórios para entregar vacinas anti-Covid superam a capacidade de produção que estimam poder ter ao longo do ano. Os dados foram fornecidos pela IFPMA (Federação Internacional das Indústrias Farmacêuticas), levantados pela Airfinity, companhia de análises científicas em Londres.

A AstraZeneca/Oxford – que tem a vacina mais barata, com a dose calculada em torno de US$ 4 – já fechou acordos de venda de 3,815 bilhões de doses. Em comparação, sua capacidade de produção deve ficar em 2,581 bilhões de doses por ano. A Pfizer tem contratos fechados para fornecer 1,501 bilhão de doses ante uma produção que deverá chegar a 1,3 bilhão de doses. É uma vacina mais cara, ao preço médio de US$ 19,50.

A Jonhson & Jonhson, com capacidade ampliada para fabricar 1 bilhão de doses, tem acertos para fornecer 1,31 bilhão. A vacina do laboratório americano Moderna, com o produto mais caro, terá capacidade de produzir 1 bilhão de vacinas – mas fechou contrato até agora para fornecer 812 milhões de doses.

A Índia é o país com a maior capacidade atual de produção (3,5 bilhões de doses por ano). Várias vacinas estão na programação de laboratórios indianos, como AstraZeneca/Oxford, Novavax, J&J, Sputnik 5, Sinopharma. Os EUA vêm em segundo. A capacidade do Brasil, segundo a Airfinity, é de 200 milhões de doses.

Segundo analistas, o nível de controle de qualidade de uma vacina é 50 vezes maior do que de um remédio normal. Mesmo assim, para a IFPMA, “há luz no fim do túnel, mas os próximos seis meses serão cruciais”. O recente anúncio de Pfizer/BioNTech, Moderna e AstraZeneca/Oxford sobre alto nível de eficácia de suas vacinas é promissor “e demonstra que a indústria está fazendo tudo em seu poder para rapidamente pôr a pandemia sob controle”.

A expectativa é que somente cinco a seis grupos farmacêuticos tenham as qualificações e infraestrutura suficientes para produzir vacinas na ampla escala necessária. Desenvolver e produzir doses na dimensão atual é algo inédito.

Segundo a IFPMA, já foram administradas pouco mais de 12, 3 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, em 32 países. A China vem em primeiro lugar com 4,5 milhões. Os EUA já administram 4,2 milhões, e Israel, 1 milhão. Em termos do número de vacinados por cem pessoas, Israel está à frente, com 12,59 já imunizados.

Conforme a federação da indústria, o objetivo é ter doses suficientes para proteger os trabalhadores na área de saúde, pessoas com problemas mais sérios e idosos. Se forem protegidos médicos, enfermeiros e outros no setor de saúde, isso representará 1% do número total de doses necessárias.

A avaliação é que a atual produção deve ser suficiente para atender à primeira etapa. Mas a questão não é só ter a vacina. Há risco de os governos estragarem doses, na medida em que não tiverem planejado toda a logística necessária.

Com informações do Valor Econômico

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