Marca de 200 mil mortos por Covid-19 está subestimada, diz Massuda

Oficialmente, já são 200.163 vítimas da pandemia no País, conforme levantamento do consórcio de imprensa

O médico sanitarista Adriano Massuda, professor da FGV-SP

Com o registro de mais 1.120 óbitos decorrentes do novo coronavírus nas últimas 24 horas, o Brasil superou, nesta quinta-feira (7), a marca de 200 mil mortos por Covid-19. Oficialmente, já são 200.163 vítimas da pandemia no País, conforme levantamento do consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de Saúde. Porém, devido às notificações incompletas ou imprecisas, o número de mortes está subestimado, diz o médico sanitarista Adriano Massuda, professor da FGV-SP.

Segundo Massuda, a marca oficial de 200 mil mortos é alcançada num cenário de forte aumento da curva de casos e de óbitos da doença nas últimas semanas. O total de mortes só fica atrás dos mais de 360 mil registrados nos Estados Unidos, evidenciando o fracasso do Brasil no combate à pandemia.

“Vale pontuar que esse número é alto, mas é subestimado. Temos problemas com subnotificação e muitas mortes por síndrome respiratória não foram computadas”, afirma Massuda. “O segundo aspecto é que são óbitos evitáveis, por resultarem de uma doença transmissível. Então resta dizer que o País falhou nas medidas de contenção do vírus, quando tinha tudo para ser exemplo internacional nessa empreitada”, agrega.

Massuda lembra que, há poucos anos, o Brasil foi bem no combate a epidemias como a do zika vírus – mas deixou de usar estrutura e profissionais preparados na área de vigilância epidemiológica no enfrentamento à Covid-19. “Há um conjunto de medidas para evitar essas mortes, e nós teríamos todas as condições de nos tornarmos referência internacional nessa resposta. Tínhamos rede de informação e vigilância em saúde dentro de um conjunto de ações que foi usado em epidemias anteriores”, diz o especialista.

De acordo com ele, “era preciso investir, por exemplo, em testes. Efetivamente não fizemos esse monitoramento epidemiológico”. Evidência disso – diz Massuda – é que a rede nacional de laboratórios públicos foi subutilizada. As principais falhas ocorreram em áreas que tinham grande potencial de resposta – e basicamente o país atuou apenas para aumentar a capacidade hospitalar. “Gastamos muito e gastamos mal”, afirma.

Ele alerta que as novas cepas do vírus podem ser menos letais, mas são mais transmissíveis. Com isso, mais gente vai se contaminar e morrer, sobretudo se as medidas mais rigorosas de restrição não forem adotadas rapidamente. “O fato de haver uma vacina é boa notícia, mas a vacinação não vai avançar de um dia para o ouro. Não é à toa que europeus estão adotando medidas duras como lockdown.”

Com informações do Valor Econômico

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