Índia contesta prazo de Bolsonaro para buscar vacina: “É muito cedo”

Voo fretado pelo Ministério da Saúde teve de ser adiado

Em uma clara contestação ao governo Jair Bolsonaro, a Índia afirmou que não começou seu programa de imunização contra a Covid-19, baseado na vacina de Oxford/AstraZeneca produzida no país. Por isso, segundo fontes citadas pelo jornal Hindustan Times nesta quinta-feira (14), “ainda é muito cedo” para se comprometer em exportar doses do imunizante para outros países, inclusive para o Brasil.

Sem formalizar um cronograma junto à Índia, o governo Bolsonaro disse já ter pronto um avião para decolar em missão para a Índia. Uma aeronave da Azul foi fretada pelo Ministério da Saúde para buscar as 2 milhões de doses do imunizante – que teria sido negociado com uma fábrica indiana. De forma oportunista, a gestão bolsonarista afixou, nas duas laterais do avião, adesivos com o slogan da campanha do governo federal “Brasil Imunizado – Somos Uma Só Nação” e a imagem do Zé Gotinha.

Mas os planos fracassaram. O voo estava previsto para sair do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP) às 13 horas desta quinta, com destino a Recife (PE), de onde partiria direto para a cidade indiana de Mumbai. Porém, o plano de partida foi adiado. O governo brasileiro tergiversou para explicar a mudança, alegando, sem dar detalhes, “questões logísticas internacionais”. Agora, a previsão é que a aeronave deixe o Brasil às 23 horas desta sexta-feira (15) – mas é possível que o voo seja transferido novamente para outra data.

O lote pedido pela Fiocruz teria sido adquirido junto ao laboratório indiano Serum, que produz a vacina de Oxford/AstraZeneca. O peso estimado da carga é de 15 toneladas. As doses seriam transportadas em contêineres para garantir o controle de temperatura do produto, conforme recomendações do fabricante.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Anurag Srivastava, disse nesta semana que o programa de vacinação indiano seria lançado no sábado (16) – e que o país precisava de mais tempo para discutir a venda do imunizante a outros países. Ainda assim, os indianos renovaram o compromisso em compartilhar a vacina.

“O primeiro-ministro já afirmou que a produção e a capacidade de entrega da Índia serão usadas para o benefício de toda a humanidade para combater essa crise. Mas o processo de vacinação na Índia está apenas começando”, afirmou Srivastava. “É muito cedo para dar uma resposta específica sobre destinação para outros países enquanto ainda estamos analisando os cronogramas de produção e entrega. Tomaremos decisões a esse respeito no devido tempo – e isso pode demorar.”

Conforme o jornal The India Times, autoridades do país asiático disseram que o envio das doses para o Brasil seria adiado por alguns dias por “questões de logística”. Segundo país mais populoso do Planeta, com 1,3 bilhão de habitantes, a Índia começará no sábado “a maior campanha de vacinação do mundo” contra a Covid-19.

Com informações do Sputnik, da Folha de S.Paulo e do Estadão

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