Racha bolsonarista: militares criticam combate à pandemia no Amazonas

Aliados do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, passaram a cobrar o Ministério da Saúde para garantir insumo e vacina nas localidades, onde dezenas de pacientes morreram por falta de oxigênio

Mais quatro pacientes com Covid-19, em estado grave, saíram do estado do Amazonas e chegaram a Belém (Fotos: Marcelo Seabra / Ag.Pará)

A segunda onda de Covid-19 na região Norte deixou ao menos seis municípios – inclusive Manaus (AM) – sem cilindros de oxigênio para pacientes em estado grave. Conforme reportagem da Folha de S.Paulo, publicada nesta quinta-feira (21), “integrantes do Ministério da Defesa estão alarmados”. Num racha entre setores do governo bolsonarista, integrantes das Forças Armadas atribuem parte da responsabilidade pelo caos é do Ministério da Saúde.

O aumento de casos graves em regiões de difícil acesso mobilizou militares. Nesse cenário, aliados do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, passaram a cobrar o Ministério da Saúde para garantir insumo e vacina nas localidades. Dezenas de pacientes morreram por falta de oxigênio nas unidades de saúde de Manaus, e outros tiveram de ser transferidos para outros estados. Só na manhã de terça-feira (19), morreram sete pessoas que estavam internadas no Hospital Regional de Coari (AM) também por falta de oxigênio.​

Esta é uma das cidades que preocupam a Defesa, ao lado de Manacapuru, Nhamundá, Itacoatiara e Parintins, todas no Amazonas. No Pará, o alerta acendeu em relação às cidades de Oriximiná e Faro. O receio é que a nova cepa do coronavírus registrada em Manaus se espalhe por outras regiões do Norte, geralmente de difícil acesso, e sobrecarregue o sistema de saúde. Os municípios no interior contam com pouca estrutura e teriam de encaminhar pacientes às capitais, que já estão lotadas.

O MPF (Ministério Público Federal) no Amazonas já identificou problemas de estoque crítico de oxigênio em Coari, Parintins, Itacoatiara e Tabatinga. Os militares ficaram alarmados na mesma semana em que a juíza Jaiza Maria Fraxe, titular da 1ª Vara Federal Cível no estado, determinou que os governos federal e estadual fizessem a imediata distribuição do insumo ao interior do estado. Na segunda (18), a magistrada também decidiu que o Poder Executivo deve fornecer oxigênio a pacientes tratados em casa, especialmente crianças.

Integrantes da Defesa dizem que haviam percebido a gravidade da situação nesses municípios antes da ordem da juíza, diante de relatórios de membros do Comando do Norte. O Exército tem membros espalhados nessas cidades. Além disso, houve também pedido de socorro de prefeitos.

O Ministério da Saúde, comandado pelo general da ativa Eduardo Pazuello, só se mobilizou para garantir a entrega de oxigênio a Manaus, após pedido do governo estadual. A pasta solicitou suporte de aviões da FAB (Força Aérea Brasileira). A situação crítica nas pequenas cidades fez com que a própria Defesa procurasse a Saúde e articulasse ajuda.

Em algumas cidades, o transporte é feito em lanchas, pois o acesso é fluvial. Na decisão de segunda, a juíza Jaiza Maria também determinou que, em cinco dias, União e estados devem apresentar um plano de vacinação da população. Em seguida, precisam dar início a uma campanha de imunização.

As cidades identificadas pela Defesa, que ficam no oeste do Pará, passaram a registrar escassez de oxigênio em unidades de saúde em meio ao aumento de casos de Covid-19. Os municípios fazem divisa com o Amazonas. Na cidade de Faro (a 920 km de Belém), seis pessoas (duas delas da mesma família) morreram nesta semana em unidades de saúde com falta de oxigênio, escassez de leitos e medicamentos. Apenas na comunidade Nova Maracanã, 34 pacientes estão hospitalizados – a cidade tem 12 mil habitantes.

Segundo o prefeito de Faro, Paulo Carvalho (PSD), o sistema público de saúde da região vive um colapso. “Os prefeitos vão se ajudando, quem está com oxigênio arruma para um, troca. O governo do estado tem disponibilizado aviões, mas a logística é muito delicada”, disse. A prefeitura recebeu 20 novos cilindros com oxigênio. O produto, no entanto, duraria até, no máximo, esta quarta-feira.

Também no Baixo Amazonas, o prefeito de Oriximiná, William Fonseca (PRTB), contou que o município precisa de ajuda principalmente com o transporte de insumos. As distâncias são o principal desafio do ponto de vista logístico. Até o momento, a Secretaria de Saúde de Oriximiná não encontrou a variante P1, cepa da Covid-19 identificada em Manaus por pesquisadores, entre os novos casos registrados na cidade.

Apesar de tentar se desvincular da crise que assola o Amazonas, o governo federal é alvo de um procedimento preliminar de investigação que apura se houve omissão no fornecimento de oxigênio por parte do Ministério da Saúde, mesmo sabendo dos problemas. A pasta foi avisada da situação crítica de escassez de oxigênio em Manaus seis dias antes do colapso dos hospitais. Um ofício da White Martins, empresa fornecedora do produto, foi enviado à pasta naquele dia.

Pazuello tem 15 dias para explicar à PGR (Procuradoria-Geral da República) se houve eventual omissão no fornecimento do insumo, mesmo sabendo do problema. A PGR instaurou um procedimento preliminar de investigação, chamado notícia de fato. Se entender que há elementos para apurar responsabilidades e crimes, pode pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de um inquérito.​Com informações da Folha de S.Paulo

Um comentario para "Racha bolsonarista: militares criticam combate à pandemia no Amazonas"

  1. Daniel Rocha disse:

    Pela Revolução Socialista.
    Fuzilar todo o governo fascista.

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