PGR dá até 18h para governador decidir sobre lockdown no AM

Seis procuradores questionaram declaração de Wilson Lima que admitiu que o pior da pandemia será em fevereiro; Comitê da Covid-19 reúne às 10h deste sábado (23); VEJA A RECOMENDAÇÃO

Praia fluvial da Ponta Negra em Manaus (Foto: Chico Batata/BNC Amazonas)

A Procuradoria Geral da República encaminhou, nesta sexta-feira (22/1), recomendação ao governador do Amazonas, Wilson Lima, sugerindo decreto de lockdown, como meio de conter a escalada desenfreada de mortes por coronavírus no Estado. Seis procuradores da República, que assinam a recomendação, pediram que o governador informe até às 18h, deste sábado (23), qual medida de restrição foi adotada, sob pena de responsabilização civil e criminal.  

Wilson teria convocado para as 10h, deste sábado (23), reunião com o Comitê de Combate a Covid-19 para decidir qual medida tomar.

A PGR elencou o colapso no sistema de saúde em Manaus e no interior do Estado com relatos de mortes por asfixia, devido a escassez de oxigênio, falta de leitos, e o crescimento exponencial de transmissão do vírus que registrou, num único dia, mais de 5 mil casos no Amazonas.

Na quinta-feira (21), o epidemiologista e pesquisador da Fiocruz/Amazônia, Jesem Orellana voltou a propor o bloqueio total no Amazonas  e pediu ajuda de observadores internacionais independentes ligados à Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e à Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos (CNUDH), para um monitoramento na saúde em Manaus, por não confiar nas autoridades estaduais e municipais. Orellana foi um dos cientistas que alertou o Governo para a segunda onda da covid-19 e foi ignorado.

No entanto, Orellana reafirma que Manaus precisa, “desesperadamente”, não só de um severo “lockdown”, com ao menos 21 dias de duração, como também de reformulação completa de suas estratégias de enfrentamento da epidemia de covid-19. Para ele, a missão internacional garantiria o monitoramento da variante do novo coronavírus que pode ser “uma grave ameaça para o Brasil e para humanidade”.

“Nunca é demais lembrar que a equipe responsável pela gestão da epidemia do estado do Amazonas, é praticamente a mesma que auxiliou a transformar Manaus na capital mundial da covid-19”, diz ele, comparando a situação com deixar as galinhas aos cuidados da raposa. Ele observa que a gestão municipal, antes mesmo de iniciar seu mandato, prometeu combater a epidemia distribuindo vitaminas e ivermectina (medicamento para verminoses) e está mergulhada no escândalo da distribuição irregular de vacinas.

O epidemiologista considera a estratégia solitária do lockdown apenas um paliativo, se não for acompanhada de testagem em massa, rastreamento de contatos, oportuna identificação de novos casos e seu rigoroso isolamento domiciliar, bem como a ampliação de esforços para dar transparência e efetividade à vacinação dos grupos de risco. “Quem opta pelo controle da epidemia dentro do hospital opta pela morte, e não por salvar vidas”, costuma repetir ele.

Na recomendação, os procuradores citam que em entrevista ao jornal O Globo, nesta quinta (21), o próprio governador Wilson Lima, admitiu que o pior da pandemia seria em fevereiro. “Fevereiro me preocupa muito (…) nós vimos isso agora em janeiro, fevereiro é o mês que tem mais incidência de síndromes respiratórias. Eu não posso garantir que o pior já tenha passado. Não descarto um agravamento do problema em fevereiro”, afirmou.

Para a PGR, todos os decretos de restrições do Governo foram insuficientes para conter a tragédia de mortes em Manaus.

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Com informações do portal DeAmazonia

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