Segundo dia de prova do Enem tem abstenção recorde de 55,3%

Ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirma que abstenção era esperada e culpa o número elevado de treineiros inscritos nos últimos dias.

(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O segundo dia de prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), realizado no domingo (24), bateu o recorde de abstenção dos estudantes estabelecido no primeiro dia de provas, em 17 de janeiro. A taxa de ausência neste domingo (24) foi de 55,3%, que aponta para o comparecimento de 2.470.396 participantes, segundo dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão responsável pela aplicação do exame. Eram cerca de 5,8 milhões inscritos. No primeiro dia de provas, o índice registrado havia sido de 51,5%.

O Ministro da Educação, Milton Ribeiro, comentou o assunto durante visita a uma escola em São Vicente, em São Paulo, neste domingo (24). “Em 2009, nós tivemos 37% de abstenção. Não tinha pandemia, não tinha crise financeira, não tinha nada. No ano de 2019, nós tivemos 23% de abstenção. Então, era esperado uma abstenção”, declarou.

Em 2009, ano citado pelo ministro, parte do caderno de provas foi divulgado ilegalmente e, antes da edição atual, apresentava o maior índice de abstenções até então. Normalmente, as faltas costumam girar entre 25% e 35%. Para Milton Ribeiro, o principal motivo foi o grande número de treineiros, que fazem a prova sem o compromisso como os alunos que estão saindo do ensino médio.

“Desse grupo, 550 mil eram treineiros. Nos últimos dias, tivemos recorde de inscrição de treineiros, porque a inscrição era de graça. Imagina o pai de um adolescente de 16 anos, vendo o que viram no Amazonas, 24 horas no ar. A mãe vai virar para o filho e falar ‘você é treineiro, não precisa ir’”, afirmou.

Em relação ao acesso desigual aos estudos durante a pandemia, o ministro não acredita ter nenhum prejuízo para os alunos da rede pública que não tiveram sinal de internet estável nem material didático disponível. Milton Ribeiro disse que os alunos de escolas públicas disputam entre si as vagas reservadas para os estudantes da rede pública, de acordo com lei aprovada em 2012. “É claro, sempre há perdas, mas os alunos de escola pública praticamente competem com alunos de escolas públicas. Nesse ponto, não há injustiça”.

O Ministro da Educação ainda garantiu que os alunos com falta justificada poderão fazer a prova nos dias 23 e 24 de fevereiro, além dos que não a realizaram por lotação das salas. “Por falha de planejamento, eles não vão ser prejudicados. Eles vão, de fato, ter a oportunidade de fazer a prova”, afirmou Milton Ribeiro.

O presidente do Inep, Alexandre Lopes, também comentou a alta abstenção em entrevista coletiva. Segundo ele, o número de 55,3% foi acima do esperado. “Foi mais do que a gente estava esperando, mas eu gosto de olhar o copo meio cheio. Então 2,5 milhões de pessoas conseguiram fazer o Enem neste ambiente de pandemia. Outros países não fizeram”, afirmou.

Diferente do Ministro Milton Ribeiro, o presidente do Inep não vê os treineiros como grandes responsáveis pelo número expressivo. Sobre os motivos das faltas, o gestor afirma que é preciso esperar informações mais consistentes. “Os dados definitivos de presentes e ausentes dependem da apuração do consórcio aplicador e serão informados na divulgação dos resultados”, afirmou Alexandre Lopes.

Os estudantes de Amazonas não fizeram a prova em razão do agravamento da pandemia de Covid-19 no estado. O Inep reforçou que eles, assim como os alunos dos municípios de Espigão d’Oeste e Rolim de Moura, em Rondônia, estão automaticamente inscritos para a reaplicação da prova.

Assim como no primeiro dia de prova (17), a pandemia de Covid-19 não esteve presente nas questões. A única menção à vírus foi sobre uma enzina produzida pela soja geneticamente alterada que pode ter a capacidade de combater HIV.

Com informações de Uol e G1

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