Como as forças populares e empresariais articulam o “Fora, Bolsonaro”

Manifestações de esquerda e de direita contra o governo abrem espaço para a formação de uma “frente ampla” em defesa do impeachment do presidente

O cientista político Jorge Rubem Folena, membro do Instituto de Advogados Brasileiros (IAB)

A insatisfação com o governo do presidente Jair Bolsonaro começa a se generalizar por amplos setores da sociedade. A omissão no combate à pandemia e o consequente agravamento da crise econômica – com o aumento do desemprego e o avanço da informalidade – têm levado a uma piora do ambiente de negócios, com o fechamento de inúmeras empresas.

No último sábado (23), movimentos sociais e partidos de esquerda fizeram carreatas por todo o País em defesa do impeachment de Bolsonaro. No domingo (24), foi a vez de grupos de direita se manifestarem pela saída do presidente. O “Fora, Bolsonaro” cresce no Brasil.

Segundo o cientista político e membro do Instituto de Advogados Brasileiros (IAB) Jorge Rubem Folena, o empresariado começa a perceber que “não basta ter mão de ferro contra os trabalhadores”. Em entrevista ao Jornal Brasil Atual nesta quarta-feira (27), ele destaca que é preciso ter “um governo de verdade”, com propostas para o desenvolvimento do País.

“Com o agravamento da pandemia, as mortes são muito grandes, como nos Estados Unidos. Só que, por aqui, o governo brasileiro não fez absolutamente nada. Ao não fazer nada, não só prejudicou os trabalhadores como também os empresários”, afirma. “Não dá para sustentar um governo dessa forma. Assim, as forças populares e setores empresarias começam a se articular contra um governo no qual os militares se vincularam”.

Folena destaca que esse descontentamentos em comum abre espaço para a formação de uma “frente ampla” entre esquerda e direita pelo fim do governo Bolsonaro. Um empecilho, segundo ele, é a dificuldade de ocupar as ruas com manifestações contra o governo, em função das restrições impostas pela pandemia. Além disso, o ódio incutido contra a toda a esquerda nos últimos anos, em especial contra o PT, também é um entrave para a articulação entre ambos os lados pelo impeachment de Bolsonaro.

Para o cientista político, a “mobilização da sociedade civil” é mais determinante para o futuro do governo Bolsonaro do que a própria eleição para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. É o presidente da Câmara, de qualquer maneira, que tem a prerrogativa de decidir sobre a abertura do processo de impeachment contra o presidente da República. Bolsonaro já soma contra o seu governo 63 pedidos de afastamento.

“É a hora de retomarmos as ruas. Não dá mais para continuar com Bolsonaro”, declara Folena. “Pessoas estão morrendo por asfixia. A falta de oxigênio é agravada pela falta de alimentação, falta de condições salariais – e faltam condições para os empresários venderem seus produtos da indústria nacional. O País chegou a um verdadeiro caos”.

Com informações da RBA

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