Bolsonaro queima mais R$ 3 bilhões em busca por controle do Congresso

Reportagem revelou existência de planilha com recursos “extras” e não rastreáveis.

Arthur Lira - Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

O governo Bolsonaro destinou R$ 3 bilhões para 250 deputados e 35 senadores. Os valores estão em planilha sigilosa a que o jornal Estado de S. Paulo teve acesso e são recursos “extras”, além do que os parlamentares já têm direito de direcionar.

Segundo o jornal, o dinheiro saiu do Ministério do Desenvolvimento Regional e a oferta de recursos partiu do gabinete do ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos. Ramos comanda as articulações em busca de eleger os candidatos de Bolsonaro à presidência da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Na quarta-feira (27), Bolsonaro voltou a dar declarações indicativas de sua interferência na tentativa de tomar o controle do Congresso Nacional, instância que foi essencial na resistência à sua falta de iniciativa e humanidade durante a pandemia da Covid-19. O presidente disse que “se Deus quiser” iria “participar e influir na presidência da Câmara”, com a eleição de Lira.

Além de verbas, o governo também tem oferecido cargos a quem aceite votar nos dois nomes do governo, segundo relatos de parlamentares. Além disso, de acordo com o Estado de S. Paulo, a planilha, que não tem timbre, inclui repasses de recursos do orçamento da União que não são rastreáveis por mecanismos públicos de transparência. São os chamados “recursos extra orçamentários”. Os valores são repassados a prefeitos indicados por deputados ou senadores sem que o nome do deputado fique carimbado, como ocorre com a emenda parlamentar tradicional.

Desta forma, se houver alguma irregularidade na aplicação dos recursos não é possível saber se há algum envolvimento do parlamentar que direcionou a verba. Lira foi priorizado com o direcionamento de R$ 109,5 milhões para serem distribuídos a projetos indicados por seus colegas de partido. Ele direcionou outros R$ 5 milhões a obras de pavimentação e drenagem de ruas no município de Barra de São Miguel (AL), onde seu pai, Benedito Lira, é prefeito.

Procurado, o deputado negou-se a responder perguntas relacionadas à planilha. O jornal procurou ainda a Casa Civil e a Secretaria de Governo, que também não se manifestaram.

O principal adversário do candidato bolsonarista na disputa é Baleia Rossi (MDB-SP). apoiado por Rodrigo Maia (DEM-RJ). Rossi tem o apoio formal de cinco dos seis partidos de oposição da Câmara: PT, PCdoB, PSB, PDT e Rede Sustentabilidade. O mote da campanha do medebista é a independência da Câmara dos Deputados.

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