Vacina: Plano de Bolsonaro fracassa, e governadores cobrarão Pazuello

Governadores querem que o ministério detalhe o cronograma da entrega de vacinas até abril

Foto: Sérgio Lima/Poder 360

Sem definições nem prazos, o governo Bolsonaro mal consegue deixar de pé o Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19. Com isso, estados e municípios começam a se preocupar com o risco de escassez de imunizantes. Para cobrar um cronograma de entrega de vacinas e discutir alternativas para agilizar a imunização – entre elas, o uso da russa Sputnik V –, os governadores vão se reunir nesta semana com o ministro da Saúde, o atabalhoado general Eduardo Pazuello.

Segundo o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), coordenador da temática de vacina no Fórum Nacional de Governadores, a reunião foi marcada para quarta-feira (17). O ministro tentava postergar ou mesmo ignorar o pedido dos governantes estaduais – a agenda com Pazuello foi solicitada em 31 de janeiro.

Na conversa, os governadores querem que o ministério detalhe o cronograma da entrega de vacinas até abril, quando deveria estar concluída a primeira fase do plano nacional, com o objetivo de imunizar o grupo de maior risco. Vão tratar também de alternativas de vacinas para agilizar a imunização no país, como a Sputnik V, e pedir que Bolsonaro não vete a MP que dá cinco dias à Anvisa (agência nacional de vigilância sanitária) para autorizar emergencialmente vacinas contra Covid-19.

“Nos aproximamos de 30 dias do início da vacinação com perspectiva de alcançar apenas 3% da população brasileira vacinada”, criticou o governador do Piauí. “Neste ritmo, o plano do governo de vacinar até junho 50% da população não vai se concretizar. Seguindo nesta lentidão, o Brasil deve chegar a cerca de 20% da população vacinada.”

Dias criticou ainda a edição, por Bolsonaro, de decretos que ampliam o uso de armas. “Neste decreto, trata de armas, armas que matam. E vacina, arma para salvar vidas, após apoio científico, debate na Câmara e no Senado, demora para sancionar.”. Segundo o governador, Bolsonaro “anuncia que deve vetar mecanismo de validação do uso no Brasil de vacinas já aprovadas e em uso em outros países do mundo, salvando vidas”.

Os governadores querem ainda uma resposta para a alta de preços de medicamentos e para a falta de remédios nos fornecedores contratados pelos estados. Na reunião, eles pretendem tratar, ainda, do pagamento das UTIs em atividade desde janeiro, com a ampliação das vagas para atender ao aumento da demanda prevista.

“Até dezembro, tínhamos 12 mil leitos de UTI exclusivos para Covid-19. A doença se propagou e chegamos a cerca de 15 mil leitos necessários”, afirma Dias. “Foram encerrados 6 mil credenciados e agora em fevereiro vencem mais 3 mil. Ou seja, de 15 mil, vamos ficar com 3 mil leitos de UTI credenciados?”

Com informações do Valor Econômico