Erros de Bolsonaro ameaçam continuidade da vacinação em todo o Brasil

Entre as capitais, Rio de Janeiro, Cuiabá e Salvador já interromperam a vacinação contra a Covid-19

Diversas cidades do País correm o risco de ficar sem vacinas contra a Covid-19 já na semana que vem. Hoje, a falta de doses para iniciar novas rodadas de imunização está restrita a algumas regiões. Mas os erros do governo Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia já ameaçam a continuidade da vacinação.

“O problema é localizado – mas, até sábado (20), mais cidades ficarão sem vacina. Se não chegar nova remessa na semana que vem, a situação vai se tornar muito difícil”, diz o ex-prefeito de Campinas Jonas Donizette (PSB), presidente da Federação Nacional dos Prefeitos (FNP), que reúne municípios com mais de 100 mil habitantes.

Na semana passada, a FNP divulgou um comunicado ao o Ministério da Saúde em que cobrava metas e prazos de vacinação contra a covid-19. Nesta quinta, a FNP se reuniu com o titular da pasta, o ministro Eduardo Pazuello, para tratar do assunto. Os prefeitos esperam a entrega, na próxima terça-feira, de novos lotes da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan.

Entre as capitais, Rio de Janeiro, Cuiabá e Salvador interromperam a vacinação contra a Covid-19. Dados estaduais mostram que mais de 80% das primeiras doses distribuídas já foram usadas também em Fortaleza, Teresina, Florianópolis e Campo Grande, além do Distrito Federal.

“Pedimos essa relação mais próxima com o ministério. Este não vai ser o último problema que enfrentaremos na vacinação”, diz Donizette. “É um país extenso, com uma população grande, e precisamos de um contato mais estreito para resolver mais rapidamente os problemas e até impedir que aconteçam.”

Ele rebate críticas de que alguns municípios não respeitaram o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e, por isso, ficaram sem vacina. “Nos comprometemos a fazer a vacinação e estamos cumprindo. Houve problemas pontuais, mas a verdade é que falta vacina. A maioria dos municípios imunizou corretamente.”

Com a corrida global por imunizantes, a situação não é inesperada, afirma Wilames Freire, presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). “Vai ser o ano inteiro dessa forma. Chega uma quantidade, a gente vacina, espera a fábrica preparar mais”, diz. “Teremos que conviver com essa questão o ano inteiro. Para mim, não é surpresa nenhuma.”

Em Teresina (PI), a vacinação caminha com a aplicação da segunda dose para os grupos prioritários que já receberam a primeira. Mas, de acordo com Gilberto Albuquerque, presidente da Fundação Municipal de Saúde, não há estoque para iniciar outra leva de imunizações. “Dose nova não tem mais – o que ainda temos é para o grupo acima de 90 anos que está em domicílio. As vacinas que temos hoje disponíveis dão para chegar até o dia 23, que é a data de previsão de um próximo lote”, diz Albuquerque, ressaltando, porém, que ele precisa de confirmações para estruturar o plano de vacinação.

Em Campo Grande, 81% das primeiras doses enviadas já foram aplicadas, conforme o o vacinômetro do estado. “A abertura de novos públicos de imunização depende do encaminhamento de novas doses pelo Ministério da Saúde”, informa a secretaria municipal de Saúde.

No Distrito Federal, 91% das primeiras doses distribuídas já foram utilizadas até ontem. A Secretaria de Saúde afirma que possui doses suficientes para atender o grupo prioritário definido até o momento e que “aguarda o envio de mais doses ao Distrito Federal pelo Ministério da Saúde”.

Com informações do Valor Econômico