Ernesto Aráujo e o custo-pária

O ministro é um dos mais diletos e queridos membros do primeiro escalão bolsonariano

Ilustração: Aroeira

Em cerimônia de formatura de novos diplomatas, o atual Ministro das Relações Exteriores do Brasil, o sorumbático Ernesto Araujo, criticou a proativa atuação do Itamaraty nos  últimos 20 anos, declarando em dado momento, sem maiores rodeios e com indisfarçável desfaçatez e cinismo, “que atuação da diplomacia do país, faz de nós um pária internacional, então que sejamos párias”. Antes porém, declarara o paradoxal diplomata, que funciona em caráter planetário um “plano globalista”, tocado pela República Popular da China e chancelado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de que o “comunavírus” seria “o primeiro passo em direção ao comunismo”, dentro do projeto que já vinha se executando “no climatismo ou alarmismo climático, da ideologia de gênero, do dogmatismo do politicamente correto .. do antinacionalismo, do cientificismo”, alegando por fim que, o “vírus ideológico” seja mais perigoso que aquele que causa a Covid 19. Pois bem, esse é o sujeito responsável pelos interesses e a defesa das pautas de natureza e caráter ultra-mar do Brasil.   

Noutro campo, alerta o multibilionário e, há muito, destacado filantropo estadunidense Bill Gates, que nenhum assunto é hoje mais urgente do que o enfrentamento científico das contundentes ameaças de inúmeros vírus, bactérias e outros microorganismos que pululam em florestas, lagos, esgotos e mercados populares, sobretudo em países da África Subsaariana e da Ásia Menor, instilados pelo desequilíbrio ambiental causados pela massiva poluição atmosférica e contaminação de mares, rios, estuários e lençóis freáticos em todo planeta, provocados, por sua vez, pela desenfreada escalada industrial, imparável fulgor de mercados financeiros pelo “crescimento mundial” e ocupação multiplamente desordenada de espaços ambientais, muitos deles santuários de espécies animais e vegetais, lindeiros as cidades, para o desenvolvimento de projetos residenciais e de mobilidade urbana, sobretudo nos últimos 70 anos.

Pois bem. Feitas essas considerações, temos que hoje o mundo se movimenta em torno de duas palavras que até alguns meses jamais ouvíamos pronunciadas: coronavírus e Covid-19. Sendo a última decorrente da primeira. Sendo a última (Corona Vírus Disease – ano 2019), gravíssima enfermidade provocadora de letalíssima infecção respiratória, a partir do primeiro, que supostamente é mais uma das múltiplas derivações, ou mutações, dos vírus em formato de coroa (corona), causadores das singelas gripes, constipações e resfriados. Tanto já foi dito e propagado a respeito, que paramos por aqui.

O que Mundo urge mesmo é pela vacina! Qualquer que seja. Pfizer, AstraZeneca, Moderna, Precisa, estas produzidas por empresas anglo-americanas, suecas e alemãs. E as supostamente mais eficazes, SinoVac e Sputnik, que para o desespero da malta bolsonariana, são respectivamente chinesa e russa.

Voltemos ao primeiro parágrafo. Pois num é que por infeliz trágica e ironia compete hoje ao obscuro Araújo, Ministro dos Foreign Affairs, como sabujamente americanizado prefere se auto-intitular, a missão de negociar com comunas chineses e russos o embarque de vacinas e ingredientes ativos para produção local da vacina, pelos prestigiosos Instituto Butantan e Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz). Num é que cabe hoje ao sombrio Araújo, ter de telefonar para o embaixador chinês em Brasília, que até outro dia ele detratava, quase mesmo o xingava, em defesa de um dos rebentos do presidente, que também não cessa de praguejar a China, com os mais insultosos palavrórios, pedindo “em nome de Jesus” – aquele outro comunista – que nos mandem as vacinas e os tais ingredientes ativos, para o enfrentamento da mortal praga, que já que causou a morte de quase um quarto de milhão de pessoas, e que se aproxima dos quase 10 milhões de doentes, grande parte desses com sequelas graves e perenes, a lhes desconfortar a vida …E agora, Araújo ?

Não bastasse isso, diz-se que o sinistro Ernesto (outra sutil ironia comunista), é um dos mais diletos e queridos membros do primeiro escalão bolsonariano. Frequentador assíduo da cozinha do Alvorada, estimado e benquisto pelos primeiros-filhos, quase um “zero” entre eles. 

Pois é. Longe de ser hoje o Custo-Brasil o nosso grande embaraço ao avanço econômico e desenvolvimento equilibrado. O que lasca mesmo hoje nossas perspectivas, desejos e possibilidades de avançar, progredir e até existir, é o nosso impagável Custo-pária! 

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