Pazuello oculta dados para festejar queda de mortes por Covid-19 no AM

Jesem Orellana, pesquisador da Fiocruz/Amazônia diz que ministro da Saúde desconsiderou, propositadamente, sérios problemas como subnotificação e defasagem de informações

O ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello (Foto: Reprodução)

Pressionado pela crise sanitária no Amazonas, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (foto), comemorou a redução no número de casos e mortes por Covid-19 no estado. Na sua mais recente publicação no Twitter, o ministro escreveu: “Uma boa notícia! Amazonas registra queda de 43% no número de óbitos por covid-19. Registro de novos casos também caiu 31% nas duas últimas semanas”.

Os dados, contudo, estão sendo questionados pelo pesquisador Jesem Orellana, da Fiocruz/Amazônia, para quem o ministro não quis levar em consideração a subnotificação e defasagem de dados. “Isso é (feito) propositadamente. Você não pode fazer uma avaliação somente com indicadores de mortalidade, porque tem sérios problemas de subnotificação e defasagem”, disse.

Segundo o cientista, o ministro possui a melhor equipe técnica do Brasil para fazer leitura epidemiológica, o que lhe levou a concluir que Pazuello agiu de forma ardilosa. Os dados atuais, segundo o cientista, são alarmantes. Entre 1º de janeiro a 15 de fevereiro deste ano foram confirmadas 3.684 mortes por Covid-19 em Manaus, um número 6% maior que o total de mortes ao longo de 2020.

Sobre a defasagem, o pesquisador explicou que os números de mortes são bem maiores do que as estatísticas oficiais. A tendência é de aumento do número de casos nas semanas seguintes ao dia do registro, isso por causa da investigação de óbitos, lançamentos ou atualização de dados “represados”.

A forma correta é trabalhar com base nos dados da Síndrome Respiratória Aguda (SRAG), a exemplo do que faz o Boletim InfoGripe, realizado pela Fiocruz.

Flexibilização

Contrapondo os números apresentados pelo ministro, Orellana diz que nas duas últimas semanas há uma média de 70 mortes por covid-19 no Amazonas. Com base nesse dado, o pesquisador demonstra preocupação com a flexibilização das atividades econômicas no estado prevista para este final de semana.

O número médio apurado, entre os dias 1º a 14 deste mês, é 490% maior do que o período de pré-flexibilização das atividades não essenciais em 15 de junho de 2020. Na época, a média era de 11 casos.

O pesquisador lembrou ainda que a flexibilização atual acontece 30 dias depois do maior pico de transmissão comunitária da história da pandemia. “Por fim, essa flexibilização se dá em plena circulação da nova e terrível variante P.1”.

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