Governo Bolsonaro quer o desmonte da educação pública no Brasil

Deputadas condenam falta de investimento na área. Análise da organização Todos pela Educação aponta que MEC não gastou todo recurso disponível em 2020.

Relatório da organização Todos pela Educação, divulgado neste domingo (21), revela ineficiência na gestão das políticas públicas de educação. Mesmo com o menor orçamento desde 2011, R$ 143,3 bilhões em 2020, o Ministério da Educação (MEC) encerrou o ano sem executar toda a verba. De acordo com a análise, apenas R$ 116,5 bilhões foram gastos, ou seja, 81% do total disponibilizado à Pasta.

Deputados do PCdoB criticaram o MEC e apontaram que a “ineficiência” faz parte do plano do governo Bolsonaro para acabar com a educação do país.

“Absurdo! Uma das promessas de campanha de Bolsonaro era priorizar a educação básica no Brasil, mas isso não saiu do papel. Pelo contrário, o MEC gastou R$ 48,2 bilhões na educação básica em 2020, valor 10,2% menor do que em 2019 e o menor desde 2010. Sem falar que no ano passado foram destinados ao MEC R$ 143,3 bilhões, mas apenas R$ 116,5 bilhões foram gastos. Ou seja: a Pasta deixou de gastar mais de R$ 26 bilhões. Não restam dúvidas de que o projeto desse governo é desmontar a educação pública no Brasil”, afirmou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), que já foi vice-presidente da Comissão de Educação da Câmara.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) também se manifestou em suas redes sociais. “MEC teve, em 2020, o menor orçamento desde 2011, um retrocesso de uma década. Mesmo assim, não conseguiu gastar o dinheiro. Se não fosse um projeto de destruição nacional, diria que é uma dose cavalar de incompetência. Mas as coisas não se excluem. Antinacional e incompetente”, disse.

De acordo com o relatório, os programas e ações da educação básica – etapa que vai do ensino infantil ao médio – foram os que tiveram menor gasto no ano passado. Dos R$ 42,8 bilhões disponíveis, o MEC pagou R$ 32,5 bilhões (71%). As outras áreas (educação profissional, educação superior e administração e encargos) tiveram maior aplicação de recursos, com 82%, 85% e 83% dos recursos pagos.

Para o direito executivo da organização Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho, a ineficiência de gestão demonstra a ausência de um projeto claro para a educação no país.

“Temos um cenário em que o orçamento já está bastante reduzido e o MEC nem sequer está conseguindo executar [pagar]. Em parte, por incapacidade de gestão, e em parte, por ausência de um projeto claro para a educação básica. Não estamos falando de governo de dois meses, é de um governo de dois anos. Ainda não está claro qual é o projeto de educação básica e qual é a agenda compactuada com estados e municípios para desenvolvê-la”, disse em entrevista ao G1.