Lava Jato comemorou derrotas de Dilma, Requião e Grazziotin em 2018

Deltan Dallagnol – que coordenava a força-tarefa – também festejou a ida de um ultradireitista, Wilson Witzel (PSC), ao segundo turno da eleição ao governo do Rio de Janeiro

Ao saber do resultado das eleições 2018, o procurador Deltan Dallagnol – que coordenava, na época, a Operação Lava Jato – propôs uma “janta de comemoração”. Tudo porque candidatos do campo progressista, como a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT-MG) e os ex-senadores Roberto Requião (MDB-PA) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) haviam perdido a disputa para o Senado em seus estados.

Por outro lado, Deltan festejou a ida de um ultradireitista, Wilson Witzel (PSC), ao segundo turno da eleição ao governo do Rio de Janeiro. Witzel acabou eleito governador, mas, uma vez no cargo, foi afastado sob denúncias de formação de quadrilha e corrupção.

A postura irresponsável de Deltan – que revela, mais uma vez, a falta de imparcialidade de sua atuação – é parte de diálogos entre integrantes da força-tarefa postados num grupo do Telegram, o “Filhos de Januário”. As mensagens datam de 7 de outubro de 2018, data do primeiro turno da eleição.

“Requião e Beto fora. Tamo comemorando aqui. Comedido kkkk”, postou Deltan às 18h57, numa alusão às derrotas Requião (MDB) e Beto Richa (PSDB), que concorriam ao Senado pelo Paraná. “Acho q pra fora temos q ser mto cuidadosos. Mas a gente tem que fazer uma janta de comemoração”, agregou o procurador, sem disfarçar suas preferências políticas.

Mais tarde, quando a apuração já estava praticamente encerrada em todo o Brasil, Deltan volta a comentar os resultados. “Vamos relacionar as notícias boas. 1. Beto Richa fora 2. Requião fora 3. Delcidio fora 4. Filhos de Cabral e Cunha fora 5. Witzel indo pro 2º no RJ 6. Lindbergh fora 7. Dilma fora 8. Pimentel fora 9. Graziotin fora”, postou o procurador às 19h59.

Os ex-senadores Delcidio Amaral (PTC-MS), Lindbergh Farias (PT-RJ) também se candidataram Senado naquele ano, sem sucesso. O ex-governador Sergio Cabral e o ex-presidente da Câmara Federal Eduardo Cunha – duas das lideranças MDB-RJ que estavam presas já em 2018 – viram seus filhos perderem em pleitos a deputado. Fernando Pimentel (PT) não consegui a reeleição ao governo de Minas Gerais.

Como era praxe, Deltan atribuía a alta renovação no Senado à inciativas como a própria Lava Jato. “Se a boca de urna se confirmar, podemos estar diante de uma grande vitória do combate à corrupção no senado”. Um outro integrante do grupo, Paulo, pondera: “Delta comemore mas com pudor p não parecer q está comemorando Bolsonaro”.

Com informações da CNN Brasil