Petroleiros iniciam greve por direitos, empregos e contra privatização

Em meio ao maior desmonte da história da Petrobras, com diversas unidades já privatizadas e fechadas e outras tantas em processo de venda, a FUP diz que os petroleiros ainda são obrigados a enfrentar graves ataques no ambiente de trabalho

(Foto: Divulgação/FUP)

Os petroleiros deram início nesta sexta-feira (5) a uma greve por melhores condições de trabalho, garantia de direitos e contra o desmonte do Sistema Petrobras. Os sindicatos da Bahia, Espírito Santo, Amazonas e Unificado de São Paulo iniciam o movimento, cada um com suas pautas e especificidades regionais. A greve também foi aprovada em Minas Gerais, em Pernambuco e na Usina de Xisto do Paraná (SIX), cujos trabalhadores devem iniciar o movimento nos próximos dias.

Na Rlam, a greve será retomada, após duas rodadas de negociação com a Petrobras, em que o Sindipetro buscou de todas as formas que o RH avançasse no atendimento da pauta dos trabalhadores da refinaria e da Pbio, que estão sendo privatizadas. Não houve acordo com a empresa, que insiste no impasse. 

No Norte Fluminense, a consulta aos trabalhadores está sendo feita virtualmente. Em Duque de Caxias, no Rio Grande do Norte, no Ceará e no Rio Grande do Sul, as assembleias ainda não foram iniciadas.

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), em meio ao maior desmonte da história do Sistema Petrobrás, com diversas unidades já privatizadas e fechadas e outras tantas em processo de venda, os petroleiros ainda são obrigados a enfrentar graves ataques no ambiente de trabalho.

“Diversos companheiros e companheiras estão esgotados, física e psicologicamente. Sem diálogo com os sindicatos, as gerências submetem a categoria a jornadas exaustivas e a multifunções, seja no trabalho presencial ou remoto, paralelamente às transferências compulsórias e ao descumprimento do Acordo Coletivo. Tudo isso à base de ameaças. O assédio moral é hoje uma ferramenta de gestão utilizada em larga escala por essa administração, que, covardemente, se aproveita do cenário caótico em que a Petrobras se encontra para pressionar os trabalhadores, já fragilizados pela pandemia da Covid-19 e pela falta de perspectivas em relação ao futuro”, diz nota da entidade.

Defesa da vida

A greve que começa nesta sexta-feira, tem por foco a defesa da vida, dos empregos e dos direitos. “Não podemos admitir que milhares de trabalhadores tenham suas vidas viradas de ponta cabeça, sem que a direção da Petrobras aceite sequer negociar alternativas propostas pela categoria”, diz a FUP.

Outro agravante é que tudo isso ocorra em meio à pandemia da Covid-19, que avança sobre os petroleiros, com centenas de trabalhadores contaminados semanalmente devido à incompetência e a negligência da gestão Castello Branco. “Sob o seu comando, os gerentes da empresa insistem em desrespeitar normas de segurança e protocolos estabelecidos por órgãos de saúde. É a política da negação, a mesma tática criminosa do governo Bolsonaro”.

E como se não bastasse, os petroleiros ainda são submetidos diariamente ao risco de um grande acidente industrial nas unidades operacionais, que tiveram os efetivos drasticamente reduzidos por esses mesmos gestores.

A direção da Petrobras abriu um número recorde de planos de demissão, sem reposição de vagas, expondo os trabalhadores a acúmulo de função e a dobras rotineiras. E se a situação já era desesperadora, ficou ainda pior com a reestruturação das tabelas de turno, feita goela abaixo da categoria, transformando as refinarias e terminais em bombas relógio.

Soma-se a isso o ataque sistemático a benefícios históricos que os petroleiros conquistaram a duras penas, como a AMS e a Petros.

Tudo isso que estamos passando é parte de um único projeto: a desintegração do Sistema Petrobrás e o redirecionamento da empresa para atender exclusivamente aos interesses do mercado e dos acionistas privados.

“Estamos, portanto, diante de um momento decisivo para o futuro da categoria petroleira. A luta se faz necessária e urgente.  Não há saída individual. Nossa força vem da unidade e do coletivo. Juntos, enfrentaremos de cabeça erguida mais esse desafio. Nosso DNA é de resistência e jamais nos acovardamos quando fomos chamados à luta”, finalizou.

Com informações da FUP

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