Bolsonaro perderia hoje de Lula, Ciro e Mandetta, aponta pesquisa

60% da população desaprova o governo Bolsonaro, contra 34,8% que o apoiam

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Luiz Henrique Mandetta (DEM) venceriam Jair Bolsonaro se a eleição presidencial ocorresse hoje, no auge da pandemia de Covid-19 no Brasil. Em um segundo turno contra o atual presidente, esses três nomes se aproveitariam da crescente rejeição a Bolsonaro e teriam ao menos oito pontos percentuais de vantagem. É o que aponta pesquisa da consultoria Atlas feita até esta quarta-feira (10).

Conforme o levantamento, a disputa pelo voto no primeiro turno mostra Bolsonaro com 32,7% e Lula com 27,4% de Lula. Na sequência aparecem o ex-ministro Sergio Moro (9,7%), Ciro Gomes (7,5%), Luiz Henrique Mandetta (4,3%), o governador paulista João Doria (4,3%) e o apresentador Luciano Huck (2,5%). No cenário sem Lula, o ex-prefeito Fernando Haddad aparece em segundo lugar, com 15,4%.

Já no segundo turno mais provável pelos números atuais, Lula aparece com 44,9% contra 36,9% de Bolsonaro. Ciro também bateria Bolsonaro (44,7% contra 37,5%), assim como Mandetta (46,6% contra 36,9%). Já o tucano Doria aparece em rigoroso em empate com o presidente no levantamento, que tem margem de erro de dois pontos percentuais.

“É o ponto de maior pessimismo com a evolução da Covid-19 no Brasil desde que começou a pandemia – e Bolsonaro sofre os reflexos”, afirma o cientista político Andrei Roman, CEO da Atlas. “Com tantos candidatos vencendo Bolsonaro no segundo turno, diria que nunca foi mais provável do que neste momento que o presidente perdesse em 2022.” Isso quer dizer que já acabaram as chances de Bolsonaro? Nada disso, segundo Roman. “A vida dá voltas. O Brasil pode sair da pandemia neste ano. Em 2022, o governo pode fazer assistência social e Bolsonaro ainda pode se recuperar”, pondera.

Roman vê no favoritismo de Lula no momento menos a melhora de sua popularidade e mais um reflexo “da rejeição maior e muito mais intensa a Bolsonaro”. A pesquisa Atlas foi feita entre os dias 8 e 10 de março e captou apenas o começo do impacto do discurso de Lula nesta quarta-feira (10), quando ele se apresentou como antítese do presidente e criticou o governo ponto a ponto, da gestão da pandemia à economia, com ampla repercussão midiática. “É imprevisível como isso vai evoluir”, segue ele.

Já os bons números de Mandetta são, na visão do CEO do Atlas, um reflexo da piora da avaliação de Bolsonaro como gestor da pandemia. “Na minha leitura, a intenção de voto de Mandetta é turbinada por uma pequena parcela que em janeiro ainda estava com o Bolsonaro e agora está migrando para um outro candidato. O destino mais natural deles é um candidato que faz crítica ao PT e tem um posicionamento um pouco menos antagônico em relação ao presidente”, explica.

O levantamento também mediu a imagem do presidente Bolsonaro e de seu governo, além da percepção pública de vários líderes políticos e personalidades. Na pesquisa, 60% da população desaprova o atual ocupante do Planalto, contra 34,8% que o apoiam. Trata-se de uma queda de três pontos percentuais na aprovação em relação à pesquisa anterior, em 21 de janeiro. Apesar da redução, o patamar de apoio segue alto, puxado pelos homens (40% o aprovam), os evangélicos (53% o apoiam) e as regiões Norte e Centro-Oeste (41% e 42%, respectivamente, o apoiam), com índices de aprovação acima da média nacional.

Segundo o Atlas, Mandetta é o político com a imagem mais positiva entre os líderes medidos pela pesquisa (40%), seguido por Bolsonaro, que tem 36% de imagem positiva, contra 60% de negativa. Lula, por sua vez, aparece com os mesmos 36% de índice positivo do presidente, alta de três pontos em relação a janeiro, provavelmente o começo do reflexo de sua reabilitação política. Seu nêmesis, o ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro de Bolsonaro Sergio Moro, aparece com recorde de rejeição (63%), a maior desde que o Atlas começou a medir.

Doria estabilizou sua imagem positiva (25%), mas ainda tem uma rejeição muito alta (60%). De quebra, o tucano “ainda enfrenta tensões internas no partido, com os acenos de Eduardo Leite como candidato”, lembra Roman, citando o governador do Rio Grande do Sul, que disputa espaço no PSDB.

A pesquisa Atlas foi realizada com 3.721 entrevistas feitas por questionários aleatórios via internet. As respostas são calibradas por um algoritmo de acordo com as características da população brasileira.

Com informações do El País