Setor funerário se organiza para evitar colapso nos próximos meses

Na primeira quinzena de março, demanda pelo serviço é 30% maior em relação à 2020

Cemitério Parque Tarumã em Manaus – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O momento de descontrole da pandemia de Covid-19 no país é refletido na alta da demanda por serviços funerários. Na primeira quinzena de março, o total de sepultamentos foi 30% maior que no mesmo período de 2020. Em relação à 2019, antes da pandemia, o aumento é próximo à 45%. Os dados da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif) são referentes ao total de sepultamentos.

Na quinta-feira (18), a Fiocruz anunciou que a média de mortes por Covid-19 duplicou em um mês. Com recordes seguidos, o país registrou uma média de 2.087, segundo a média móvel de sete dias. Há um mês, a média era de 1.036 óbitos.

O cenário coloca pressão sobre o ramo funerário. Ainda na primeira onda da doença, em abril, Manaus (AM) e Guayaquil (EQU) tiveram dificuldades em absorver a demanda pelo serviço. Nas duas cidades, familiares relataram que os mortos esperavam dias pelo serviço. A prefeitura de Manaus, para conseguir realizar todos os sepultamentos, precisou reorganizar o desenho das covas em Nossa Senhora Aparecida, o maior cemitério da capital.

Para evitar uma situação similar, as empresas do setor adotam algumas medidas e buscam soluções em conjunto.

“É uma onda crescente que não para de aumentar. Ninguém sabe onde isso vai dar. As empresas do nosso setor têm, inclusive, se ajudado mutuamente, porque em situações de tamanha alta de demanda, como é o caso, não há mais concorrência. Todos têm de se juntar para dar conta”, disse à Agência Brasil o presidente da Abredif, Lourival Panhozzi.

Entre as medidas citadas por Panhozzi estão a suspensão das férias das equipes de trabalho, o remanejamento de funcionários (mais pessoas na ponta de operação) e a adequação do estoque. Ainda assim, as fábricas precisam funcionar em dois turnos e há o risco de faltar matéria-prima para produção de caixões e urnas funerárias.

O presidente da Abredif – que representa 13 mil empresas e 350 mil trabalhadores do ramo – afirma que a situação ainda é controlável, uma vez que as funerárias suportam uma quantidade de serviço até três vezes a média mensal de óbitos de suas localidades. “Desde que isso não seja por um longo período”, enfatiza o presidente da associação.

O pico de mortes, segundo Panhozzi, é esperado para meados de abril. “Mas a verdade é que o aumento [do número de mortes] está descontrolado, e não sabemos exatamente até onde isso vai”, relata o presidente da Abredif.

Com informações de Agência Brasil

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