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Feminismo popular e emancipacionista é tema de encontro nacional do PCdoB

Mulheres e homensa comunistas de todos o Brasil debatem os desafios das luta em defesa dos direitos das mulheres.

Foto: Karla Boughoff

A 3ª Conferência Nacional do PCdoB sobre a Emancipação das Mulheres teve início na noite de sexta-feira (19). Realizado de maneira on line devido ao agravamento da pandemia, o evento de abertura contou com mais de 500 pessoas de todos os estados na sala virtual, além de ter contado com expectadores que acompanharam pelas redes sociais.

A secretária da Mulher do PCdoB, Vanessa Grazziotin — que abriu os trabalhos ao lado da secretária-adjunta Márcia Campos — saudou a realização da conferência pelos comitês estaduais e municipais, num processo que envolveu centenas de militantes e simpatizantes do partido desde o início do ano e que discutiu a resistência e a luta em defesa da vida, pela vacinação, contra o governo Bolsonaro, pelo fortalecimento de um feminismo popular e da luta pela emancipação das mulheres — etapa fundamental para a construção de outra sociedade, com direitos e igualdade.

Vanessa lembrou que “estamos todos com o coração partido, afinal, a situação de nosso país é a pior do mundo. Perdemos gente não só pela letalidade do vírus, mas também por conta da irresponsabilidade desse presidente que é genocida sim”. Apesar de tudo isso, colocou, “estamos com os nossos corações cheios de esperança. Assistimos a uma grande mobilização do nosso partido em torno da conferência, da qual participam não só as mulheres, mas também os homens. Porque a gente tem absoluta clareza de que a luta pelos direitos das mulheres, pela emancipação, por uma sociedade igual, é a luta de todos nós”.

Márcia Campos, por sua vez, destacou: “Podemos ter um Brasil melhor e sabemos o papel que nosso partido tem nesse processo. Nossa conferência é um grito de esperança e alerta de que as mulheres estão aí, na luta!”.

A presidenta do PCdoB, Luciana Santos, que faria a fala de abertura, teve de cancelar a participação devido a problemas de saúde na família e gravou vídeo saudando os participantes. “Nossa conferência é estatutária justamente para dar a dimensão da luta de classes que a questão merece. Tenho certeza de que vocês farão uma conferência à altura das comunistas, dos desafios que estamos enfrentando agora. Vamos sair deste processo ainda mais dispostas a desmascarar Bolsonaro. Ele não!”.

Celebrar a esperança dos que lutam

A abertura da conferência continuou com a participação do governador do Maranhão, Flávio Dino. “Vivemos uma quadra em que as mulheres são fundamentais”, disse, ressaltando que “temos estruturalmente, inscritas na história do Brasil, discriminações, opressões e violências que se agudizam agora; é como se fosse uma caneta marca-texto: uma crise dessa dimensão sublinha características perversas desse modelo assentado nas injustiças”. Por isso, apontou, “precisamos celebrar a esperança, não uma esperança destituída de materialidade, ou vazia, inconsequente, mas a esperança dos que lutam, que têm rumo, têm bandeira e projeto”.

Flávio Dino elencou algumas das ações no Maranhão, em seu governo e no governo Dilma Rousseff, para a criação de um sistema de proteção às mulheres. Ele citou a Casa da Mulher Brasileira, delegacias da mulher, a Patrulha Maria da Penha, ações de combate à mortalidade materna, entre outras.

Flávio Dino acrescentou que “a conferência é respaldada pela luta do movimento social, pela história do nosso partido e posso dizer que o nosso governo tem coerência com as nossas bandeiras, lutas e causas. Estamos agindo em sintonia com esse propósito de defesa do Brasil, das brasileiras e dos brasileiros”.

O governador disse ainda acreditar que “a dimensão institucional é muito importante, mas ela só se mantém e se alimenta da luta e da consciência social, da mobilização do povo, daquelas e daqueles que menos têm, dos invisibilizados; é isso que torna duradouras as conquistas institucionais”.

Ele finalizou dizendo: “Queremos impedir a continuidade desse ciclo de genocídio que estamos vendo. Fazemos todos os dias o combate firme e decidido, sem descuidar das tarefas de governo. Mais do que um direito, ser oposição ao Bolsonaro é uma obrigação cívica, um dever patriótico”.

Contexto político

Ao encaminhar a eleição da mesa diretora da conferência, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) enfatizou o sentimento de solidariedade de todos e todas ao povo e familiares das vítimas da Covid-19 e ressaltou a importância de se fortalecer o feminismo popular, envolvendo as mulheres trabalhadoras, chefes de família, moradoras das periferias, negras, que compõem a camada que mais sofre com as crises econômica, social e pandêmica. Jandira enfatizou a importância da união de amplas forças para a superação do fascismo.

O vice-presidente do PCdoB, Walter Sorrentino, contextualizou o atual momento em que ocorre a conferência e os desafios colocados para as mulheres e a militância na defesa da vida e no enfrentamento à extrema-direita do governo Bolsonaro. “A conferência já marcou a vida partidária por seu forte espírito de unidade”, disse.

Walter salientou ainda que “a luta das mulheres é parte estrutural e inerente às lutas do PCdoB” e que a causa emancipacionista deve ganhar milhares de homens e mulher para poder ensejar mudanças estruturais na sociedade.

Sobre o cenário nacional, o dirigente destacou a falta de um comando maior da nação que vem resultando no total colapso do país. Ele avalia que Bolsonaro tem usado a pandemia como parte de sua estratégia de luta pelo poder, utilizando-se do medo das pessoas e da falsa dicotomia entre economia e a vida.

O vice-presidente apontou que a pandemia continua sendo o vetor de maior impacto na atual conjuntura e que é necessário priorizar o enfrentamento à Covid-19 e a defesa da vida, mobilizando a população por medidas mais drásticas por parte das instituições. Além disso, destacou a urgência de medidas como o auxílio emergencial de R$ 600, o combate à inflação e de ações para a geração de emprego e renda.

Walter enfatizou que o conjunto de problemas que hoje incide sobre a vida da população atinge com ainda mais força as mulheres, principalmente as negras e as mais empobrecidas. E apontou como graves indicadores da situação das mulheres o aumento da violência e dos feminicídios e o desemprego.

O dirigente salientou as vitórias já obtidas pela política de frente ampla — como foi o caso da conquista do auxílio emergencial de R$ 600 em 2020 — e destacou a necessidade de manter esse tipo de unidade, com setores progressistas à frente, para enfrentar Bolsonaro. O vice-presidente também defendeu o revigoramento do partido para vencer as imposições da cláusula de barreira.

Por fim, enfatizou a luta para que as mulheres ocupem cada vez mais espaços políticos e de poder e sublinhou que a conferência convoca o partido à ousadia de falar amplamente com as mulheres brasileiras, do povo, em defesa da vida, dos direitos das mulheres, do  Brasil e da democracia.

Ao longo do ato de abertura, foram exibidos vídeos de saudação à conferência de lideranças políticas e sociais e artistas entre os quais a ex-deputada Manuela d’Ávila. No encerramento do ato, foi exibida a saudação da presidenta Dilma Rousseff, que destacou que mais uma vez o partido se coloca na vanguarda da luta emancipacionista e contra um presidente que debocha da doença, não leva a vacina a sério, vitimizando direta e indiretamente milhões de pessoas. Para ela, a luta feminista neste momento tem como principais bandeiras a defesa da vida e contra Bolsonaro.

A etapa final da 3ª Conferência Nacional do PCdoB sobre a Emancipação das Mulheres teve continuidade no sábado e será conclúida neste domingo (confira a programação).

Veja abaixo como foi a abertura: