Conass pede à OMS prioridade para o Brasil na distribuição de vacinas

Secretários Estaduais de Saúde enviaram ofício por apoio internacional na aquisição de vacinas, com intenção de aumentar o número de doses e conseguir acesso mais rápido aos imunizantes do consórcio global Covax Facility

Fotos: Alejandra De Lucca V. / Minsal

Na sexta-feira (25), secretários estaduais de Saúde pediram à OMS (Organização Mundial de Saúde) para priorizar o envio de vacinas por meio do consórcio Covax Facility para o Brasil. No ofício endereçado ao diretor da entidade, Tedros Adhanom, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) apresenta os indicadores da pandemia e o quadro preocupante do país sem condições de atendimento adequado para todos.

A tentativa dos secretários é a renegociação do acordo feito em outubro de 2020, que prevê a entrega de 42 milhões de doses, o que é suficiente para vacinar 10% da população. No entanto, o país recebeu pouco mais de 1 milhão de doses.

A Conass argumenta que os indicadores da gravidade da pandemia no país e no continente são muito superiores aos de outras regiões e é preciso uma “resposta célere às necessidades epidemiológicas específicas de cada localidade”.

O Brasil lidera o ranking de mortes por Covid-19, além do possível crescimento de óbitos devido à falta de leitos de UTI e disseminação das novas variantes do vírus. Os secretários pedem para a OMS “sensibilizar” a cúpula da ONU para que as doses excedentes de vacinas em países ricos sejam destinadas a países em maior crise na América.

“A região das Américas tem recebido somente 7% do total das vacinas distribuídas por meio do mecanismo Covax, apesar das Américas terem 44% de todos os casos e 48% de todos os óbitos do mundo nesta pandemia”, afirma o documento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também afirmou a governadores que queria dobrar o montante de vacinas destinadas ao Brasil por meio da Covax Facility, o que seria o suficiente para imunizar 20% da população.

Apesar da concordância do presidente do comitê executivo da Aliança Global para Vacinas e Imunização (Gavi), José Durão Barroso, em prestar socorro a países com maior necessidade, a iniciativa está com problema de escassez de vacinas contra a Covid-19.

O presidente da OMS, Tedros Adhanom, afirmou em entrevista coletivo na sexta-feira (25) que “o Covax está pronto para entregar, mas não podemos entregar vacinas que não temos”. Adhanom criticou a postura nacionalista dos países mais ricos que estão fazendo acordos bilaterais com a indústria farmacêutica.

Até o final de maio, a previsão de distribuição de doses ao redor do mundo pela Covax era de 238 milhões. De acordo com o site da iniciativas, apenas cerca de 32 milhões de vacinas foram entregues.

O acordo pelas 42 milhões de doses com o consórcio global quase não foi firmado por atuação do ex-chanceler brasileiro, Ernesto Araújo. Segundo revelou o colunista da Época Guilherme Amado, Araújo considerava a adesão ao consórcio um fortalecimento do “globalismo” e enfrentamento à Donald Trump, ainda presidente dos Estados Unidos e crítico da OMS.  

O contrato foi firmado graças à intervenção da embaixadora Nazareth Azevêdo, representante do Brasil para a ONU em Genebra na ocasião. Segundo o Estadão, havia a possibilidade de fechar acordo para receber doses para até 50% da população.

Com informações de Estadão

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