Imprensa internacional critica conduta de Bolsonaro na pandemia

O comportamento de Bolsonaro é alvo de críticas na imprensa estrangeira. O jornalista Juan Arias, no El País, escreve sobre a “dança […]

O jornal alemão Sueddeutsche Zeitung destaca a indiferença de Bolsonaro diante de 4 mil mortos por Covid em 24 horas no Brasil

O comportamento de Bolsonaro é alvo de críticas na imprensa estrangeira. O jornalista Juan Arias, no El País, escreve sobre a “dança macabra de Bolsonaro“, que oscila entre se vacinar e não se vacinar, ofendendo a memória dos mortos. “A este ponto o falso herói que desafia a morte na pandemia e continua a brincar sobre imunizar-se ou não, como se não estivéssemos lutando contra a morte, é uma responsabilidade das instituições e do Exército que continuam tolerando seus delírios violentos”, critica.

Também no espanhol El País, Eliane Brum comenta a queda de Ernesto Araújo, o “idiota ilustrado”, do Ministério das Relações Exteriores no governo Bolsonaro. “Ernesto Araújo, o chanceler que conseguiu constranger a diplomacia brasileira, ofendendo parceiros econômicos importantes, fracassando nas negociações de vacinas e espalhando absurdos conspiratórios, caiu no final de março”, aponta. “A queda do anti-diplomata foi a maior derrota pública de Bolsonaroe marca um novo momento para o seu governo”.

No português Diário de Notícias, o correspondente João Almeida Moreira aborda a queda de Araújo e da desmoralização assessor de Bolsonaro, flagrado em gesto racista no Senado. E lembra que ambos são discípulos de Olavo de Carvalho. “Guru de Bolsonaro é cada vez menos guru“, destaca o jornal, comentando que Olavo foi esvaziado. E diz quem é um dos principais conselheiros do presidente: “O astrólogo que se gaba de ter tirado a  extrema-direita brasileira do armário”. 

No alemão Sueddeutsche Zeitung, o correspondente Christoph Gurk relata, desde Buenos Aires, a reação do presidente Jair Bolsonaro diante das mortes, que não param de subir no Brasil por conta do descontrole da pandemia. “Parem de se lamentar“, disse. “É difícil acreditar que o Brasil já foi um modelo quando se trata de vacinação”, pontua o jornalista. Ele lembra que, em dezembro, Bolsonaro se mostrou contra a vacina. “As mulheres podem deixar crescer a barba, os homens podem ter voz aguda, quem sabe?”, recorda. O jornal destaca que, em Vila Formosa, cemitério de São Paulo, as pessoas estão sendo enterradas à noite, porque o dia não basta.

O novo recorde brasileiro ganhou também espaço no americano Washington Post“Mais de 4.100 pessoas morreram de coronavírus no Brasil na terça-feira, o maior total diário de vidas perdidas já registrado no país desde o início da pandemia, elevando o número de mortos para quase 337.000, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins”. O jornal critica a conduta do presidente. “Sob a liderança de Bolsonaro, os brasileiros foram alertados de que a mídia estava espalhando ‘histeria’, enquanto ele reprimia esforços locais para conter o vírus, dizendo que encorajar as pessoas a isolar e fechar igrejas e shopping centers eram medidas desnecessárias. ‘Isso vai passar em breve’, disse”.

O argentino Clarín destaca o novo recorde brasileiro de mortes. É o segundo país com mais mortes de Covid: 4.000. “Eles aguardam o mês mais difícil da pandemia”, noticia. “Especialistas afirmam que nas próximas semanas o país poderá passar por um cenário mais sombrio, com hospitais lotados , vacinação avançando lentamente e o governo de Jair Bolsonaro rejeitando a aplicação da quarentena, argumentando que prejudica a economia”

O Página 12 também destaca o novo patamar de 4 mil mortos por dia. Agora, Jair Bolsonaro negocia a chegada do Sputnik V, destaca o jornal, que ainda ressalta a estratégia do novo chanceler brasileiro: “A primeira emergência deve ser o combate à pandemia“. 

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