“Com base nos autos, só há uma decisão: minha inocência”, diz Lula

“A minha briga é com o meu caso específico. Estou discutindo a minha inocência. Se alguém roubou que seja preso”, afirmou Lula em entrevista ao programa ‘O Povo’, da ‘CBN’ de Fortaleza

(Foto: Ricardo Stuckert)

Só há uma decisão a ser tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no que diz respeito ao julgamento, pelo plenário da Corte, sobre decisão do ministro Edson Fachin que anulou as condenações de Lula: o reconhecimento da inocência do ex-presidente. Em entrevista ao programa O Povo, da CBN, nesta quinta-feira (15), Lula rebateu o falso argumento de que a anulação de seus processos, assim como a confirmação da suspeição de Moro, invalida outras condenações da Lava Jato. Lula deixou claro que o que está em questão é a injustiça cometida especificamente contra ele. E ressaltou que tem a consciência tranquila com o julgamento desta quinta-feira.

“Estou tranquilo. Tem gente que gosta de fazer confusão, dizendo que a anulação dos meus processos é a anulação da Lava Jato. É a anulação do meu caso. A minha briga é com o meu caso específico. Estou discutindo a minha inocência. Se alguém roubou que seja preso”, advertiu Lula.

Lula lembrou que sua defesa denunciou, desde 2016, as manobras da Lava Jato para condená-lo sem provas, evidenciando a parcialidade do então juiz Sergio Moro. Há cinco anos, a defesa de Lula sustenta que o ex-juiz articulou com o Ministério Público a maior farsa jurídica da história.

O que está em jogo, portanto, insistiu Lula, é a suspeição de Moro,  apontada pela defesa e confirmada pelas reportagens da Vaza Jato, do site The Intercept, e pelas conversas vazadas entre integrantes do Ministério Publico e Moro, obtidas pela Polícia Federal na Operação Spoofing.

“Foi criado um powerpoint que dizia que eu era chefe de uma quadrilha”, lembrou Lula. “Era a necessidade que eles tinham de me envolver no processo da Lava Jato e me levar para Curitiba. Era uma obsessão do Moro e do Dallagnol evitar que eu fosse candidato em 2018”, explicou.

“Acontece que esse processo do quadrilhão já foi derrotado, já foi vencido em Brasília, não existe mais”, argumentou Lula, ressaltando que a defesa entrou, em 2016, com pedido de anulação da votação na 13ª Vara de Curitiba. “Não sei porque demorou quase cinco anos para que fosse julgado, mas agora estamos provando todas as mentiras que foram contadas a meu respeito”.

Lula reiterou que foi condenado por “fato indeterminado”, uma vez que Moro não tinha do que acusá-lo. “Se um juiz não tinha porque me condenar, por que me condenou?”, questionou.  “Eu já provei a minha inocência. Eu quero que apareça no Brasil alguém para provar a minha culpa”, desafiou.

Sobre o julgamento desta quinta, Lula lembrou que o STF é soberano para decidir no plenário. “O plenário da [Corte] sempre será soberano. Isso vale para uma assembleia no Sindicato dos Metalúrgicos, vale para um congresso de um partido político e vale para uma reunião da Suprema Corte”.

Negligência com a vacinação

O ex-presidente condenou ainda a atuação desumana e falta de empatia de Bolsonaro com as mais de 360 mil vítimas da Covid-19. “Vocês acham que tenho prazer de chamar o Bolsonaro de genocida? Infelizmente esse cidadão fez tudo diferente do que a ciência brasileira orientou a fazer”, lamentou Lula.

Lula apontou a negligência do ocupante do Planalto na compra de vacinas contra a Covid-19. Apresentado uma lista de vacinas, o ex-presidente indicou que Bolsonaro deixou de adquirir 700 milhões de doses de imunizantes diversos e atirou a população à própria sorte na maior crise sanitária da história do país.

Consertar o Brasil

Lula reafirmou na entrevista que sua prioridade em 2021 é brigar para consertar o Brasil, atualmente vítima do desgoverno Bolsonaro. Ele lamentou que o povo esteja passando fome e defendeu que o governo pague urgentemente um auxílio de R$ 600 enquanto durar a pandemia. Além disso, afirmou que vai lutar para que todos os brasileiros sejam vacinados.

Comparando ao quadro atual de miséria no Brasil com o de sua infância, Lula frisou que saiu de Pernambuco em um pau de arara, em 1952, para fugir da fome. “Nunca vi tanta fome como agora, em São Paulo, na periferia, em Fortaleza, no interior de Pernambuco”, espantou-se Lula. “Há um desrespeito total com o pobre nesse país. A escravidão permanece. As pessoas tem ódio quando o pobre sobe um degrau”, disse, lembrando que, nos governos do PT o Brasil tinha saído do Mapa da Fome das Nações Unidas.

Fonte: PT Nacional