Morre aos 75 anos o jornalista Alípio Freire, vítima da Covid-19

“Alípio Freire era um lutador pela liberdade e pelo socialismo”, afirma Altamiro Borges

O jornalista, escritor, documentarista, artista plástico e poeta Alípio Freire morreu na noite desta quarta-feira (21), aos 75 anos, em São Paulo, vítima de Covid-19. Ele estava entubado desde o final de março em decorrência da ação do novo coronavírus.

“Alípio Freire era um lutador pela liberdade e pelo socialismo. Sempre criticou as manipulações da mídia monopolista e defendeu a verdadeira liberdade de expressão”, afirma Altamiro Borges, o Miro, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé – do qual Alípio era colaborador.

“Além de militante incansável, Alípio era um ser humano de primeira – generoso, carinhoso, divertido, irreverente, de bem com a vida. Demos muitas risadas nos botecos de Sampa”, acrescenta Miro.

Nascido em Salvador (BA), em 1945, Alípio se transferiu para São Paulo aos 16 anos. No início da ditadura militar (1964-1985), foi militante do PCdoB e, depois, da Ala Vermelha (grupo dissidente do partido). Adepto da luta armada, foi preso aos 23 anos e barbaramente torturado, permanecendo por cinco anos no Presídio Tiradentes, de onde saiu em 1974.

Como jornalista, Alípio trabalhou em jornais tanto da grande mídia quanto da imprensa alternativa. Em 1980, foi um dos fundadores do PT, do qual se tornou dirigente em São Paulo. Pelo partido, lançou-se também em candidaturas a vereador e a deputado, sem ser eleito.

Autor do livro de poemas Estação Paraíso (2007), foi ainda um dos organizadores de Tiradentes, um Presídio da Ditadura: Memórias de Presos Políticos (1997) e co-autor de Contos Brasileiros (2006).

Em 2013, lançou o documentário 1964 – Um Golpe contra o Brasil, fruto de uma parceria entre o Núcleo de Preservação da Memória Política e a TVT (Televisão dos Trabalhadores). Alípio dedicou o filme ao ex-presidente João Goulart e à cantora Nara Leão.

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