Desenvolvimento Regional e Educação têm maiores cortes no Orçamento

Levantamento foi divulgado pela IFI, órgão consultivo do Senado. Cortes no Meio Ambiente geram críticas um dia depois de mentiras de Bolsonaro na Conferência do Clima

Imagem: Agência Câmara

Os ministérios do Desenvolvimento Regional e da Educação registraram os maiores cortes no Orçamento após os vetos definitivos e os bloqueios temporários publicados hoje (23) no Diário Oficial da União. A conclusão é da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão consultivo do Senado, que divulgou levantamento com o impacto das perdas de recursos entre as pastas.

Sancionado ontem (22) à noite, o Orçamento teve vetados R$ 19,8 bilhões em gastos, principalmente relativos a emendas parlamentares. Além dos vetos, o governo editou hoje um decreto contingenciando (bloqueando temporariamente) R$ 9,2 bilhões.

Embora o decreto especifique a distribuição dos cortes em cada pasta, o Diário Oficial não somou os vetos por ministérios. Dessa forma, a IFI compilou as despesas vetadas e somou com os valores contingenciados para chegar ao montante do corte final em cada ministério.

Pasta mais beneficiada na votação do Orçamento original com a inclusão de emendas parlamentares, o Ministério do Desenvolvimento Regional teve o Orçamento para 2021 reduzido em R$ 9,4 bilhões, entre vetos e bloqueios. A maior parte dos vetos está relacionada a pequenas obras, como estradas vicinais, praças, calçadas, parques e áreas de lazer.

O segundo maior corte ocorreu no Ministério da Educação, que perdeu R$ 3,9 bilhões. Segundo a IFI, os vetos se concentraram na manutenção de universidades e em demais ações relacionadas ao ensino superior. Por causa da pandemia de covid-19, as universidades federais estão exercendo a maioria das atividades de forma remota.

Outros cortes

O Ministério da Infraestrutura foi o terceiro mais afetado, com redução de R$ 3,5 bilhões no Orçamento. Os cortes concentraram-se na manutenção e duplicação de rodovias federais e na recuperação de aeroportos regionais. Os terminais aéreos estão sendo concedidos à iniciativa privada. Em quarto lugar ficou o Ministério da Defesa, com corte total de R$ 3,2 bilhões, que atingiram investimentos em modernização de equipamentos militares.

A Saúde ficou em quinto lugar, com encolhimento de R$ 2,2 bilhões no Orçamento. Entre os vetos, está a distribuição de recursos a hospitais e à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que fabrica no Brasil a vacina da AstraZeneca. Apesar dos cortes, o governo garante que esses recursos serão recompostos.

O projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, aprovado na segunda-feira (19), prevê a abertura de créditos extraordinários (fora do teto de gastos) e a exclusão de meta de déficit primário de R$ 247,1 bilhões de despesas emergenciais do Ministério da Saúde com o enfrentamento à pandemia. O reforço estimado no Orçamento da Saúde está em R$ 10 bilhões.

O Ministério da Economia perdeu R$ 1,5 bilhão, entre vetos e cortes. O encolhimento na verba inviabilizou o Censo de 2021. O Ministério da Agricultura ficou com R$ 1,1 bilhão a menos.

Completam a lista das pastas afetadas os ministérios da Cidadania; Justiça e Segurança Pública; Ciência, Tecnologia e Inovações; Turismo; Meio Ambiente; Comunicações; Mulher, Família e Direitos Humanos; Minas e Energia e Relações Exteriores. O impacto em cada ministério ficou abaixo de R$ 1 bilhão.

Ajustes

Além do decreto e do texto do Orçamento sancionado, o governo publicou um relatório que reestima os gastos obrigatórios. A despesa com a Previdência Social saltou de R$ 16,285 bilhões, para R$ 707,193 bilhões neste ano. A projeção foi revista para cima por causa do salário mínimo de R$ 1,1 mil, que não tinha sido levado em conta no Orçamento aprovado pelo Congresso.

As despesas com abono-salarial e seguro-desemprego foram elevadas em R$ 2,6 bilhões, para R$ 51,5 bilhões. Os gastos com subsídios e subvenções aumentaram R$ 2,8 bilhões. No entanto, as despesas com o funcionalismo público caíram R$ 2 bilhões, para R$ 335,3 bilhões.

A reestimativa das despesas obrigatórias é necessária para recompor o Orçamento de 2021. Isso porque o texto aprovado pelo Congresso subestimava os gastos obrigatórios em R$ 29 bilhões. Para evitar a paralisação da máquina pública e o cometimento de crime de responsabilidade, o governo fechou um acordo com a Câmara e o Senado para compensar os valores obrigatórios com os cortes de gastos discricionários (não obrigatórios) nos ministérios.

Os vetos de R$ 19,8 bilhões representam cortes definitivos, com a dotação cancelada. Os contingenciamentos de R$ 9,2 bilhões são temporários e podem ser revertidos. A maior parte dos vetos concentrou-se em emendas do relator, no total de R$ 10,5 bilhões. Em seguida vêm R$ 1,4 bilhão de emendas de bancada e R$ 7,9 bilhões de despesas originalmente propostas pelo próprio Executivo.

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