Grampos sugerem que comparsas de miliciano recorreram a Bolsonaro

Escutas foram interrompidas pelo Ministério Público do RJ após criminosos mencionarem “Jair” e “o cara da casa de vidro”

Foto: Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Grampos telefônicos de conversas entre cúmplices do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, chefe da milícia Escritório do Crime, sugerem que Jair Bolsonaro foi contatado por integrantes da rede criminosa. A informação foi revelada neste sábado (24) em reportagem do site The Intercept.

Segundo o site, os diálogos são parte de um relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio elaborado a partir das quebras de sigilo telefônico e telemático de suspeitos de ajudar o miliciano nos 383 dias em que circulou foragido pelo país.

Logo após a morte do miliciano, abatido a tiros por policiais no sítio de um vereador do PSL no interior da Bahia, cúmplices de Adriano da Nóbrega fizeram contato com “Jair”, “HNI (PRESIDENTE)” e “cara da casa de vidro”.

A reportagem ouviu fontes do Ministério Público do Rio de Janeiro na condição de anonimato, que afirmaram que o conjunto de circunstâncias permite concluir que os nomes são referências ao presidente Jair Bolsonaro. “O cara da casa de vidro” seria uma referência aos palácios do Planalto, sede do Executivo federal, e da Alvorada, a residência oficial do presidente, ambos com fachada inteiramente de vidro.

Após as citações, o Ministério Público Estadual pediu que a justiça encerrasse as escutas dos envolvidos nas conversas, apesar de eles seguirem trocando informações sobre as atividades ilegais de Adriano da Nóbrega. A reportagem destaca que a interrupção reforça a ideia de que trata-se do mesmo Jair que hoje ocupa o Planalto, uma vez que o Ministério Público estadual não pode investigar o presidente da República.

Em casos deste tipo, o MP do estado tem a obrigação constitucional de encerrar a investigação e encaminhar o processo à Procuradoria Geral da República, que tem esse poder. Questionada pela reportagem, a PGR não informou se recebeu ou não a investigação do MP do Rio até a publicação desta reportagem.

Autor