Covid-19: países oferecem ajuda à Índia para aliviar crise

País ultrapassou os 17 milhões de casos da doença e chega a quase 200 mil mortos.

Uma visão geral é mostrada da cremação em massa daqueles que morreram do coronavírus em um crematório em Nova Deli, Índia

Vários países, incluindo os Estados Unidos (EUA) e integrantes da União Europeia (UE), ofereceram à Índia material médico para ajudar a aliviar a crise de recursos do país, que enfrenta um violento surto de covid-19.

A ajuda internacional é enviada como “resposta urgente” às necessidades do segundo país mais populoso do mundo, que viu o número de infeções e de mortes multiplicarem-se dramaticamente em apenas algumas semanas, causando o colapso do seu sistema de saúde.

A Índia, com uma população de 1,3 bilhão de habitantes, tem um total oficial de 17,31 milhões de infecções e 195.123 mortes, mostraram dados do Ministério da Saúde, embora especialistas em saúde digam que os números provavelmente são maiores. A Índia tem graves deficiências no sistema de estatísticas populacionais, o que torna os índices muito duvidosos.

Apesar da grande capacidade de produção do país, conhecida como “a farmácia do mundo”, o setor de saúde começou, na semana passada, a indicar que tinha um mínimo do material, devido ao grande número de doentes que chegam todos os dias aos hospitais.

O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que a agência de saúde da ONU estava, entre outras coisas, enviando “milhares de concentradores de oxigênio, hospitais de campo móveis pré-fabricados e suprimentos de laboratório”.

A OMS também disse ter transferido mais de 2.600 de seus especialistas de vários programas, incluindo poliomielite e tuberculose, para trabalhar com autoridades de saúde indianas para ajudar a responder à pandemia.

Ocidente

O Reino Unido disse hoje que fará “todo o possível para aliviar o sofrimento” da Índia e, face à gravidade da situação, enviará ventiladores para evitar a repetição de dezenas de casos de mortes por falta de oxigênio nos hospitais.

O primeiro de nove envios de contêineres do Reino Unido, incluindo ventiladores e concentradores de oxigênio, estava programado para chegar à Índia amanhã.

O secretário de Defesa Ben Wallace disse que o Reino Unido usaria aviões militares ou fretaria outras aeronaves para levar os suprimentos para a Índia para ajudar o país “em seu momento de necessidade”.

O pacote de assistência inclui 495 concentradores de oxigênio, 120 ventiladores não invasivos e 20 ventiladores manuais de estoques excedentes do Reino Unido.

“Além disso, precisamos desse tipo de cooperação internacional para passarmos por essa pandemia. Não estaremos seguros até que estejamos todos seguros”, acrescentou o primeiro-ministro Boris Johnson.

A União Europeia também anunciou uma resposta coordenada dos Estados-membros para enviar recursos por meio do Mecanismo Europeu de Proteção Civil.

Além disso, a França e a Alemanha informaram que vão oferecer material para ajudar no combate à crise, independentemente da resposta do bloco europeu.

A França fornecerá à Índia “ajuda médica substancial”, disse o palácio presidencial do Eliseu na segunda-feira.

O Ministério da Saúde da Alemanha disse em uma coletiva de imprensa na segunda-feira que estava enviando para a Índia ventiladores, anticorpos monoclonais, a droga Remdesivir, bem como máscaras cirúrgicas e n95-protetoras.

O ministro da Saúde da Irlanda, Stephen Donnelly, disse em um tuíte na segunda-feira que o país doaria 700 concentradores de oxigênio para a Índia com apoio da UE.

Nesse domingo (25), os Estados Unidos anunciaram o embarque “imediato” de recursos médicos e material para a fabricação de vacinas que permitam enfrentar “com urgência” a grave crise.

O presidente Joe Biden disse que os EUA enviariam matérias-primas para a vacina Covishield, Oxford-AstraZeneca feita na Índia, bem como equipamentos médicos e equipamentos de proteção.

“Os Estados Unidos identificaram fontes de matéria-prima específica urgentemente necessárias para a fabricação indiana da vacina Covishield que será imediatamente disponibilizada para a Índia”, disse um comunicado da Casa Branca. No entanto, não mencionou se enviaria alguma das 30 milhões de doses de vacina da AstraZeneca que possui atualmente em excesso.

Oriente

O Paquistão se ofereceu para enviar equipamentos médicos e suprimentos depois que o primeiro-ministro Imran Khan tuitou orações no sábado para uma “recuperação rápida”.

“Como um gesto de solidariedade com o povo da Índia na esteira da atual onda do COVID-19, o Paquistão se ofereceu para fornecer apoio, incluindo ventiladores, BiPAP, máquinas de raio-X digitais, PPEs e itens relacionados”, tuitou o ministro das Relações Exteriores Shah Mahmood Qureshi.

A empresa farmacêutica russa Pharmasyntez disse na segunda-feira que estava pronta para enviar até um milhão de pacotes do tratamento Remdesivir Covid-19 para a Índia até o final de maio, uma vez que recebe a aprovação do governo russo.

Em comentários à agência de notícias Reuters, o fabricante de drogas russo disse que estava esperando uma base legal sobre a qual poderia enviar o carregamento da versão genérica que produz da droga norte-americana Covid-19 Remdesivir.

Celeiro de vacinas

O embarque de componentes químicos e princípios ativos para a fabricação de medicamentos é fundamental para a Índia, que abriga o maior produtor mundial de vacinas – o Serum Institute of India (SII) -, produtor da fórmula anticovid-19 do laboratório sueco-britânico AstraZeneca.

Na semana passada, o fabricante indiano pediu publicamente aos Estados Unidos que suspendessem as restrições à importação de matérias-primas para permitir aumentar a produção de vacinas, já que o Serum é produtor global e principal fornecedor da Índia.

O braço de investimentos do Governo de Singapura, o Temasek, também coordenou, neste fim de semana, o envio para a Índia de equipamentos médicos de emergência, incluindo aparelhos de respiração assistida.

A Força Aérea Indiana informou no sábado (24) que iria enviar navios cargueiros para Singapura, a fim de ajudar a transportar novos contêineres que permitam aumentar a capacidade de armazenamento do país.

A crise de saúde na Índia, que se tornou explícita em imagens de hospitais saturados, de escassez de alguns medicamentos para tratar o vírus e nas cremações massivas devido ao aumento das mortes, também levou a China, o Paquistão, os Emirados Árabes Unidos e a Austrália, entre outros países, a oferecer ajuda.

“Como gesto de solidariedade ao povo da Índia, no âmbito da atual onda de covid-19, o Paquistão ofereceu-se para dar apoio, com ventiladores, dispositivos Bipap (para ajudar a respirar), máquinas digitais de raios-X, equipamentos de proteção e outro material relacionado”, disse, em comunicado, o governo paquistanês, apesar dos frequentes confrontos que tem com a Índia.

A Índia ultrapassou hoje os 17 milhões de casos de covid-19 e 195 mil mortes, em meio a forte onda da doença que, segundo o governo indiano, está “a sacudir o país”.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3,1 milhões de mortes no mundo, resultantes de mais de 146,3 milhões de casos de infeção, segundo balanço da agência francesa AFP.

A doença é transmitida pelo novo coronavírus, detectado no fim de 2019 em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Com informações de agências internacionais.

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