CPI é esperança em meio à paralisia de Bolsonaro
Parlamentares avaliam que Bolsonaro sofre várias derrotas com instalação de CPI, o que cria expectativas positivas para o combate à pandemia no país.
Publicado 27/04/2021 19:56 | Editado 27/04/2021 20:52

A instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado nesta terça-feira (27) marcou importantes derrotas para Bolsonaro: além da minoria governista, o colegiado terá a relatoria do senador Renan Calheiros (MDB-AL), mesmo após as tentativas de impedi-lo de assumir o cargo. Aliados de Bolsonaro chegaram a obter uma liminar judicial contra a indicação de Renan, mas ela acabou sendo derrubada.
A CPI será presidida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), eleito por 8 dos 11 votos, e terá como vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP). A comissão, que investigará as responsabilidades do governo federal no combate à pandemia de Covid-19, terá duração inicial de 90 dias, podendo ser prorrogada por mais 90.
Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), a CPI tem um importante papel a ser cumprido. “A CPI terá de averiguar de forma urgente o impacto de erros e omissões do governo Bolsonaro e apontar saídas coordenadas para reduzirmos mortes por coronavírus. É uma esperança em meio à paralisia do governo Bolsonaro”, destacou.
A CPI da Covid-19 no Senado, que iniciou as atividades hoje, torna-se cada vez mais fundamental no Brasil. Terá de averiguar de forma urgente o impacto de erros e omissões do governo Bolsonaro e apontar saídas coordenadas para reduzirmos mortes por coronavírus.
— Renildo Calheiros (@renildo) April 27, 2021
Ao assumir a relatoria, mesmo alegando imparcialidade, o senador Renan enviou um recado duro ao governo. Disse que não se curvará a intimidações e sugeriu que as mortes na pandemia são crimes contra a humanidade, citando grandes ditadores internacionais que foram punidos na história.
“Não foi o acaso ou flagelo divino que nos trouxe a este quadro. Há responsáveis, há culpados, por ação, omissão, desídia ou incompetência e eles serão responsabilizados. Essa será a resposta para nos reconectarmos com o planeta. Os crimes contra humanidade não prescrevem jamais e são transnacionais. Slobodan Milosevic e Augusto Pinochet são exemplos históricos. Façamos nossa parte”, disse.
O governo está tão rendido na CPI que sequer conseguiu atrasar a instalação dos trabalhos.
Barba, cabelo e bigode: @OmarAzizSenador presidente, @randolfeap vice e @renancalheiros relator.
Que sejam apuradas as responsabilidades e o genocida pague por seus crimes.
— Orlando Silva (@orlandosilva) April 27, 2021
Para o vice-líder do PCdoB, deputado Orlando Silva (SP), Renan Calheiros fez um discurso histórico ao assumir a relatoria da CPI. “Exalta a ciência, o conhecimento, a democracia. Repugna o obscurantismo medieval, a crença cega, o autoritarismo e o fascismo. Bolsonaro deve estar roendo as unhas de pavor”, destacou.
Regras sanitárias para impedir CPI
As tentativas governistas de impedir a instalação do colegiado também repercutiram na Câmara. Além das manobras para barrar o nome do relator, alguns senadores criticaram a instalação do colegiado, sustentando que a Casa pode contribuir para o aumento dos casos de Covid-19. A ironia se fez pelo argumento ter sido utilizado principalmente pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente. Jair Messias Bolsonaro nunca cumpriu qualquer regra sanitária estabelecida ao longo da crise sanitária que assola o mundo desde 2020 e já vitimou quase 400 mil brasileiros.
Flávio Bolsonaro disse que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), estaria sendo irresponsável por permitir que algumas sessões da CPI da Covid sejam presenciais e defendeu regras sanitárias.
Todos nós vivemos pra ver Flávio Bolsonaro defendendo isolamento social no Senado. Infelizmente 390 mil pessoas morreram de COVID no país pela gestão e comunicação criminosas do Bolsonaro, equipe e aliados. #ForaBolsonaro
— Jandira Feghali ??? (@jandira_feghali) April 27, 2021
“Falei também aqui no grupo e falo publicamente, mais uma vez: eu acho que o presidente Rodrigo Pacheco está errando, está sendo irresponsável, porque está assumindo a possibilidade de, durante os trabalhos desta CPI, acontecerem mortes de senadores, mortes de assessores, mortes de funcionários desta Casa, em função da Covid. Porque, em algum momento, as audiências, as sessões vão ter que ser presenciais, no momento em que nem todos estão vacinados. Por que não esperar todo mundo se vacinar e fazer com responsabilidade esses trabalhos?”, pontuou o filho do presidente.
Como é? A família Bolsonaro nunca defendeu as medidas de isolamento e agora vem falar isso?
A verdade é que eles estão desesperados com a CPI da COVID!#forabolsonaro #cpidacovid #cpidogenocídio #bolsonarogenocida https://t.co/7e9gyypH9k— Alice Portugal (@Alice_Portugal) April 27, 2021
A fala não passou batida. A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) foi uma das que ironizou a nova postura bolsonarista. “Como é? A família Bolsonaro nunca defendeu as medidas de isolamento e agora vem falar isso? A verdade é que eles estão desesperados com a CPI da Covid”, apontou.
Em meu estado (Amapá), num caso assim, pergunta-se: Ei, mano, a tua cara não treme, não!? https://t.co/EvFI92M8r2
— Profª Marcivânia (@profmarcivania) April 27, 2021
A deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP) também repercutiu a fala de Flávio em suas redes. Com uma série de fotos que mostravam o pai do senador promovendo aglomerações já na pandemia, a deputada escreveu em suas redes sociais: “Em meu estado (Amapá), num caso assim, pergunta-se: Ei, mano, a tua cara não treme, não!?”.
A deputada defende que a CPI traga à tona a comprovação de tudo aquilo que já vinha sendo denunciado: “que esse caos foi criado por muita incompetência, crueldade e de forma proposital. Portanto, de forma criminosa e os responsáveis devem pagar por isso”.
Da Liderança do PCdoB na Câmara