869 municípios ficaram sem vacina covid-19 para 2a. dose, diz pesquisa

641 cidades podem ficar sem kit intubação e e 223 prefeituras reclamam do medo de ficar sem oxigênio hospitalar.

Chegada de lotes de vacinas a Belém (PA) Foto: Pedro Guerreiro / Ag.Pará

Dos 2.831 municípios ouvidos na sexta edição da pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) sobre a pandemia do novo coronavírus, 869 relataram ter ficado sem vacina contra a covid-19 para a segunda dose destinada aos públicos prioritários nesta semana ou na anterior. O número equivale a 30,6% das cidades que participaram da sondagem. Outros 1.962 (69,3%) disseram não ter vivido este problema no período.

Já no caso da primeira dose, o índice de prefeituras que manifestaram ter ficado sem o imunizante vai para 23,8%, com 673 municípios. Outros 75,5% ou 2.136 disseram não ter passado por desabastecimento dessa dose.

A falta de vacinas ocorreu pela dificuldade de acesso aos insumos para fabricação e de aquisição de doses adquiridas e prometidas. Depois de dias com essa situação, na quarta-feira (28) o governo anunciou um novo lote de 5,2 milhões. Ontem, mais 1 milhão de doses da vacina da Pfizer chegaram.

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Recursos

Ainda de acordo com a nova edição da pesquisa da CNM, mais da metade das prefeituras ouvidas (56,7%) relataram o recebimento de menos recursos no início de 2021 em relação a 2020.

“O número reforça a preocupação dos gestores no enfrentamento de um momento ainda crítico da pandemia”, dizem os autores da pesquisa.

Filas de espera

A pesquisa analisou também se os sistemas de saúde locais estão com filas de espera para leitos em Unidades de Terapia Intensiva. Este problema vem ocorrendo desde o avanço da segunda onda da pandemia no país.

Entre 533 cidades com Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), 119 relataram estar com pessoas em fila de espera. Esse número corresponde a 22,3% deste universo analisado.

Insumos e oxigênio

O risco de desabastecimento de medicamentos do chamado kit intubação foi apontado por 641 cidades, o equivalente a 22,6% das consultadas. O nome é dado a remédios usados no uso de suporte ventilatório de pacientes com covid-19, como anestésicos e neurobloquedores.

A pergunta vem sendo feita desde a primeira edição da pesquisa, realizada de 23 a 25 de março, quando 1.316 gestores locais afirmaram enfrentar esse risco. A CNM destaca que, apesar da queda, a situação ainda é crítica diante dos impactos que pode trazer ao tratamento das pessoas em estado grave. Nesta semana, a falta de oxigênio pode atingir 223 Municípios. Em março, esse número era 709.

O receio de faltar oxigênio para o atendimento aos pacientes com covid-19 foi colocado por 223 prefeituras, o correspondente a 7,9% das entrevistadas. Já 2.528 disseram não ter essa preocupação, ou 89,3% das ouvidas. 

Os temas vêm sendo levados ao governo federal pela CNM em reuniões com o Ministério da Saúde. Na semana passada, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou as ações da pasta para garantir o abastecimento do “kit intubação”, como pregão internacional sem fixação de preços e doações por parte da iniciativa privada e da Espanha. No que se refere à falta de imunizantes para a segunda dose, o Ministério informou que adotará uma logística emergencial  para normalizar a situação: o envio diário de parte de doses aos Municípios com falta do imunizante para completar o esquema vacinal. As doses antecipadas serão descontadas da remessa semanal destes Municípios.

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