Nelson Teich diz que deixou governo por discordar sobre uso da cloroquina

O ex-ministro da Saúde afirmou também que não passou orientações para que o laboratório químico e farmacêutico do Exército produzisse hidroxicloroquina

ex-ministro da Saúde Nelson Teich depõe na CPI (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

O ex-ministro da Saúde Nelson Teich disse que deixou o governo Bolsonaro por discordar da orientação do presidente sobre o uso da cloroquina, medicamento sem eficácia científica comprovada no tratamento da Covid-19. No seu depoimento à CPI da Covid, nesta quarta-feira (5), ele disse também que não passou orientações para que o laboratório químico e farmacêutico do Exército produzisse hidroxicloroquina.

Em resposta ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, o ex-ministro disse que não teve nenhuma interferência no processo. “Vou ser honesto, não participei disso. Se aconteceu alguma coisa, foi fora do meu conhecimento”, disse, ao ser perguntado sobre uma declaração do presidente Bolsonaro, em 21 de março de 2020, de que o laboratório do Exército havia aumentado a produção do medicamento.

Sobre a recomendação do uso da cloroquina, Nelson Teich deixou claro que saiu do governo por causa da sua posição contra a recomendação do uso do medicamento e, no contexto mais amplo, por não ter autonomia na pasta.

“O pedido foi pelo desejo de ampliação do uso da cloroquina. Quero colocar que esse era um problema pontual, mas refletia uma falta de autonomia e falta de liderança”, disse.

“Eu tinha uma posição muito clara não só em relação à cloroquina, mas a qualquer medicamento (…) Na verdade, o que acontece? O dia a dia era extremamente intenso. Faltavam respiradores, equipamento de proteção individual (EPIs), as mortes aumentando, os casos aumentando. Foi um assunto que não chegou a mim a produção de cloroquina”, completou.

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