Queiroga decepciona na CPI por fugir das perguntas, dizem parlamentares

A recusa em responder provocou reações no colegiado. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), também cobrou resposta objetiva. “Até minha filha de 12 anos falaria sim ou não”, disse Aziz

O ministro Marcelo Queiroga durante depoimento (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O terceiro dia da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado começou com polêmicas. Em depoimento à CPI, nesta quinta-feira (6), o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, recusou-se a responder uma pergunta sobre o uso de cloroquina para tratamento da Covid-19. O relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL), tentou, insistentemente, saber se o ministro compartilhava da visão do presidente Jair Bolsonaro sobre a administração do medicamento sem eficácia comprovada para o tratamento da doença que já vitimou mais de 410 mil brasileiros. No entanto, recebeu respostas evasivas do atual mandatário da Pasta.

“Essa é uma questão técnica que tem que ser enfrentada pela Conitec [Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS]. O ministro é a última instância na Conitec, então eu vou precisar me manifestar tecnicamente”, disse.

A recusa em responder provocou reações no colegiado. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), também cobrou resposta objetiva.

“Até minha filha de 12 anos falaria sim ou não”, disse Aziz. Ainda assim, Queiroga evitou responder e pediu que entendessem a posição dele, como gestor sanitário.

A tentativa de se esquivar da resposta repercutiu nas redes sociais. O líder da bancada do PCdoB, deputado Renildo Calheiros (PE), chamou atenção sobre a postura de Queiroga. “O Ministro da Saúde evitou se posicionar acerca de afirmações do presidente sobre o distanciamento social. Pressionado para falar se prescreveria ou não cloroquina para pacientes com Covid, evitou dar uma resposta objetiva. Disse que não faria juízo de valor sobre opinião de Bolsonaro”, declarou.

Para a vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a postura de Queiroga é um acinte e um desrespeito. “Gravíssimo! Ministro Queiroga foge desesperadamente da pergunta sobre o uso de cloroquina na CPI. O gestor máximo da Saúde do Brasil não se posiciona sobre o uso de uma substância ineficaz no tratamento de um vírus que já matou 414 mil pessoas”, criticou.

Já o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) declarou que “Queiroga vai se Pazuellizando em alta velocidade na CPI”. “Está até encolhendo na cadeira. Desesperada, a base governista tenta obstruir a sessão novamente. O líder do governo perdeu a linha, Heinze teve o chilique diário. E ainda é a primeira pergunta…”, comentou.

O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) todos os ex-ministro de Saúde e o atual confirmaram o que já se sabia: cloroquina é ordem de Bolsonaro. “A CPI precisa ir atrás da mamata da cloroquina, quem ganha dinheiro com isso e suas relações com o financiamento do Bolsonarismo! Onde tem mamata, tem algum Bolsonaro!”, escreveu no Twitter.

“Além de não responder às perguntas na CPI para blindar o chefe genocida, Marcelo Queiroga não criticou o uso de cloroquina, condenada mundialmente pela ciência, e ainda errou dados sobre a vacinação no Brasil. Constrangedor”, avaliou o senador Humberto Costa (PT-PE), membro titular da CPI.

Para o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), Queiroga mostrou na CPI que ser “capacho e covarde” são prerrogativas para ser ministro de Bolsonaro. “É cúmplice do extermínio”, disse o parlamentar.

Ao longo do depoimento, Queiroga reiterou sua esquiva: “A questão do tratamento precoce não é decisiva. O que é decisivo é a vacinação”, disse o ministro.

Nesta quarta-feira (5), Bolsonaro voltou a defender “tratamento precoce” contra a doença, atacou o uso de máscaras, isolamento social e medidas mais duras adotadas por governadores para conter o avanço do vírus. O presidente da República também tem se manifestado contrariamente à vacinação, dizendo que será o último a ser vacinado, e atacando países fornecedores dos insumos para produção da vacina no Brasil.

Fonte: Liderança do PCdoB na Câmara dos Deputados
 

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