13 de Maio: Entidades lembram Massacre de Jacarezinho

Coalização Negra por Direitos e Frente Nacional Antirracista promovem atos nesta quinta-feira (13)

A bárbara morte de 29 pessoas no Massacre de Jacarezinho, no último dia 6, mudou o tom dos protestos deste 13 de Maio. Sob o mote “Nem bala, nem fome, nem Covid. O povo negro quer viver!”, a Coalização Negra por Direitos promove 28 atos contra o racismo pelo País nesta quinta-feira (13). Segundo a Coalizão – que representa o conjunto de organizações, entidades, grupos e coletivos do movimento negro –, é importante aproveitar o marco do fim da escravidão no Brasil para debater o assunto sob a ótica da população negra.

O objetivo das manifestações é provocar reflexões sobre o fim do racismo, do genocídio negro e das chacinas, além da necessidade de construção de mecanismos de controle social acerca das operações policiais. Entre as pautas de reivindicação, está a manutenção do auxílio emergencial em R$ 600 até o fim da pandemia, o direito da população negra à vacina e o fim do governo Bolsonaro.

“Nós, negras e negros brasileiros em Coalizão Negra por Direitos, denunciamos ao mundo que vivemos em um país no qual amanhã poderemos estar mortos, pelo fato de sermos negros. Seja pelo coronavírus, seja pela fome, seja pela bala, o projeto político e histórico de genocídio negro avança no Brasil de uma forma sem limites e sem possibilidade concreta de sobrevivência do povo negro”, afirma a Coalizão em manifesto lançado em 7 de maio.

“É por isso que o movimento negro convoca todos os setores da sociedade que não aceitam essa barbárie, a violação de direitos humanos e um governo miliciano que leva as últimas consequências a natureza genocida do estado brasileiro. O mundo está olhando para o Brasil e esperando de toda sua população – negra ou não – uma reação. E é essa mensagem que o ‘13 de maio de Lutas’ pretende passar”, agrega a Coalizão.

Já os atos da Frente Nacional Antirracista (FNA), em todo o País, terão como foco a distribuição de cestas básicas e camélias em favelas, comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas. Um manifesto da Frente também será divulgado hoje. “O documento promete denunciar a incompletude da abolição no País”, afirmou a FNA, em comunicado. “A Lei Áurea alterou as relações de trabalho, sem criar mecanismos de amparo e inclusão no mercado de trabalho aos ex-escravizados e seus descendentes.”

Leia abaixo o Manifesto da FNA:

MANIFESTO DA FRENTE NACIONAL ANTIRRACISTA AO POVO BRASILEIRO

No dia 13 de maio de 2021 completarão 133 anos da assinatura da Lei Áurea, lei que oficialmente aboliu a escravidão no Brasil. Nesse dia a Frente Nacional Antirracista estará em todo país denunciando a incompletude da abolição.

Compreendemos que a natureza, forma e resultado da transição do trabalho escravo para o trabalho livre, não permitiu a completa efetivação da abolição no país. Há um longo caminho para fechar o ciclo aberto com a assinatura da Lei Áurea que, com apenas um parágrafo, alterou o regime de trabalho no Brasil, sem, contudo, criar os mecanismos necessários para amparar os então escravizados e seus descendentes, jogando-os diretamente em um ciclo de pobreza, da fome, do abandono, da violência e do racismo.

Para o movimento negro brasileiro e para a Frente Nacional Antirracista, o dia 13 de maio é, na verdade, o Dia Nacional de Denúncia ao Racismo.

Aproximadamente 125 milhões de brasileiros sofreram alguma insegurança alimentar durante a crise sanitária em que estamos vivendo, e nós sabemos que a fome incapacita o ser humano, desestrutura a família e esgarça o tecido social. A crise sanitária gerou grandes impactos econômicos e as respostas institucionais dadas pelos governantes não foram suficientes para dar o devido respaldo à essa população.

Por isso, no dia 13 de maio, a partir da entrega de alimentos e da camélia branca para algumas famílias, simultaneamente em todos os estados do país, a Frente Nacional Antirracista denunciará ao país que a desigualdade e a fome são grilhões persistindo sobre corpos negros.

Os abolicionistas plantavam camélias brancas no jardim de suas casas e usavam na lapela dos paletós para serem identificados. A camélia simboliza a recuperação e atualização dos sonhos de liberdade e igualdade de oportunidades que deram vida ao abolicionismo.

Entendemos que toda sociedade deva assumir o compromisso de lutar para concluir a abolição. Há muitos artigos ausentes na Lei Áurea, e para completa-la se faz necessário aprovar no Congresso Nacional uma renda básica a todos brasileiros e brasileiras como forma de combater a desigualdade que marcou a escravidão e persiste nos dias presentes, além da atualização das leis de igualdade racial e com a garantia de efetividade da sua observância.

Estaremos juntos aos quilombolas, povos ribeirinhos, comunidades vulnerabilizadas e favelas, símbolos do abandono, da exclusão social e do racismo estrutural.

Em comunidades que o Estado leva a morte e violência, a Frente Nacional Antirracista levará alimento, alimento é vida e paz.

FRENTE NACIONAL ANTIRRACISTA

Instagram: @frentenacionalantirracista / E-mail: [email protected]

Com informações da CartaCapital e do O Dia