Alta de casos de síndrome respiratória indica piora da pandemia

Mato Grosso do Sul tem as piores probabilidades de aceleração de contágios. 98% dos registros de SRAG no país são decorrentes de infecções causadas pelo novo coronavírus

Sepultamento de vítima de covid-19 em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, estado com maior tendência de crescimento de contágios

Dados do Boletim InfoGripe Fiocruz da semana epidemiológica de número 19, de 9 a 15 de maio, indicam que há risco de recrudescimento da pandemia de covid-19 nas próximas semanas. Oito das 27 unidades da Federação apresentam sinais de crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), das quais a covid-19 é uma delas.

A tendência de longo prazo até a semana 19 aponta aceleração de contágios no Amazonas, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, e Tocantins; e outros dois estados apresentam sinal de crescimento na tendência de curto prazo: Distrito Federal e Rio de Janeiro. Dentre os demais estados, 9 apresentam sinal de queda na tendência de longo prazo.

Outros 10 estados pararam de cair ou estabilizaram num número de casos em patamares muito altos, acima do pico da primeira onda da pandemia. São eles a Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, e São Paulo. Observa-se sinal de estabilização na tendência de curto prazo em Minas Gerais, e Piauí.

O Mato Grosso do Sul apresenta os sinais mais fortes (mais de 95%) de crescimento na tendência de longo prazo. Amazonas apresenta sinal de mais de 75% de crescimento nas tendência de longo e curto prazo; Maranhão, Paraíba, Paraná, e Tocantins também apresentam mais de 75% para crescimento na tendência de longo prazo; e Distrito Federal e Rio de Janeiro apresentam o mesmo sinal de crescimento na tendência de curto prazo.

Os demais 17 estados apresentam estado de atenção no curto prazo, enquanto no longo prazo são onze estados nessa faixa. São os estados que interromperam queda e estabilizaram num patamar alto.

A probabilidade de queda no longo prazo é maior no Pará e Ceará. Já em estados como AC, RO, RR, AL e MG, a probabilidade é de 75% no longo prazo e curto prazos. O Amapá também tem probabilidade de mais de 75% de queda, e deve manter estabilidade no curto prazo.

Boletins anteriores mostravam que, mesmo com redução ou estabilidade, os números de casos permaneciam muito altos. A Fiocruz observa que, quanto mais lotam hospitais, mais subnotificação de SRAG. A subnotificação se dá não só pelos pacientes que não conseguem internação, como pelas prioridades dos hospitais que acabam não conseguindo notificar todos os casos devido à superlotação.

As doenças respiratórias registradas pelo boletim são, neste momento, em 98% dos casos, causadas por infecções pelo SARS-CoV-2, o novo coronavírus. O resto se divide em 0,3% para Influenza A, 0,1% para Influenza B e 0,3% para vírus sincicial respiratório (VSR).

Muitos desses Estados apresentam valores similares ou até mesmo superiores aos picos observados ao longo de 2020. Tais estimativas, segundo o boletim, reforçam a importância da cautela em relação a medidas de flexibilização das recomendações de distanciamento, enquanto a tendência de queda não for mantida por tempo suficiente para que o número de casos caia de forma significativa. A retomada das atividades de forma precoce pode levar a um quadro de interrupção dessa redução em valores muito distantes ainda de um cenário ideal.

Na pior semana da pandemia, de 28 de fevereiro a 6 de março, o número de casos de SRAG por 100 mil era de 15,5. Atualmente, está em 11,4. É um patamar considerado muito alto.

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