Mayra Pinheiro mente ao negar ser favorável à imunidade de rebanho

O relator Renan Calheiros apresentou um áudio durante o interrogatório de Mayara Pinheiro nesta terça-feira (25), na CPI, no qual ela expressamente defende a tese da imunidade de rebanho

Mayra Pinheiro depõe na CPI (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

No sentido de aprofundar uma das linhas de investigação segundo a qual o governo Bolsonaro apostou na tese da imunidade de rebanho, quando elevada proporção da população é contaminada para interromper a transmissão, mas tudo à custa de muita morte, o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), pressionou a secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayara Pinheiro, a Capitã cloroquina, sobre suas posições favoráveis ao argumento.

Renan Calheiros apresentou um áudio durante o interrogatório de Mayara Pinheiro nesta terça-feira (25), na CPI, no qual ela expressamente defende a tese da imunidade de rebanho. “O áudio que o senhor acabou de mostrar, se trata de uma colocação referente à população pediátrica e, na época, eu defendia que as crianças não fossem retiradas das escolas. Aliás, a retirada das crianças das escolas foi uma das maiores agressões que a gente fez a essa população”, justificou.

Ao que o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD), interveio: “Mas estou colocando, doutora, que a senhora falou também do comércio, não foi só de criança. Veja bem, tem muita coisa que a senhora falou que nós temos gravado aqui”, advertiu.

Omar Aziz alertou que não queria ser deselegante com a depoente e ressaltou que ela estava protegida sobre Manaus (decisão do Supremo Tribunal Federal). “E a hora em que a senhora achar que não deve responder consulte o seu advogado e não responda. Agora, por favor, nos ajude aqui a esclarecer algumas coisas. Não foi só crianças”, desmentiu a depoente.

Estudo publicado na The Lancet contrariam a tese da médica brasileira. Segundo a revista britânica, o fechamento de escolas primárias e secundárias tem sido associado a reduções substanciais ao longo do tempo no número de reprodução efetiva da Covid-19 em muitos países, incluindo a Inglaterra.

Diante das gravações, Mayra Pinheiro ainda tentou negar suas posições: “Eu preciso que isso seja contextualizado. Eu acho que o efeito rebanho não pode ser usado indistintamente para as populações, senador, porque não é possível que a gente vá prever quanto eu tenho que expor da população para que eu atinja esse benefício. Então, isso pode resultar em muitas mortes. Então, não posso tomar isso fora do contexto.”

O relator pressionou ainda mais e cobrou um sim ou não: “Não que eu me lembre”, respondeu. “Vossa Senhoria recebeu ou tem conhecimento de algum estudo técnico ou outro documento contendo análise dessa tese e seu impacto sobre a saúde pública?”, insistiu o relator. “Não que eu me lembre”, respondeu novamente.

Autor