Centrais sindicais lançam Agenda Legislativa e pedem auxílio de R$ 600

Com o lema #600ContraFome, o 26M cobrou a aprovação da MP) 1.039/2021, que institui um auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia

O presidente da CTB, Adilson Araújo, durante o 26M em Brasília

Está lançada a Agenda Legislativa das Centrais Sindicais. Um ato unitário nesta quarta-feira (26), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, deu a largada para a nova jornada de lutas do sindicalismo e dos movimentos sociais. Com o lema #600ContraFome, o 26M denunciou o avanço da fome no Brasil e cobrou a aprovação da Medida Provisória (MP) 1.039/2021, que institui um auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia de Covid-19. Hoje, o auxílio chega a ser de apenas R$ 150.

Além de dez centrais sindicais – CTB, CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central, CSB, Intersindical, Pública, CSP-Conlutas e CGTB –, participaram do protesto entidades rurais como a Contag e o MST, a Frente Brasil Popular, a Frente Povo Sem Medo e a oposição a Bolsonaro, como o senador Paulo Rocha (PT-PA). Entre os parlamentares, também marcaram presença Alice Portugal (PCdoB-BA), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Bohn Gass (PT-RS), Gleisi Hoffmann (PT-RS) e Talíria Petrone (PSOL-RJ).

Adilson Araújo, presidente da CTB, responsabilizou o governo Jair Bolsonaro pelos alarmantes impactos da crise na economia e no dia a dia da população brasileira. “O País perdeu o controle da situação em decorrência da negligência, do terraplanismo e do negacionismo deste governo. Seguimos perdendo milhares de vidas diariamente enquanto a vacina chega em doses homeopáticas”, denunciou Adilson.

Segundo o dirigente, o bolsonarismo ajudou a piorar o desemprego e a crise social no Brasil. “Não bastasse sepultar os CPFs, estão cremando os CNJPs. Nada menos do que 722 mil empresas fecharam as portas, sendo 522 mil diretamente por conta do novo coronavírus”, disse Adilson. “O governo ficou inerte, pois abandonou a perspectiva de ofertar crédito ao pequeno negócio, ao povo. Os R$ 150 do auxílio mal dão para comprar um botijão de gás – que já alcançou o preço de R$ 120 na Grande São Paulo.”

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, classificou como “crime” a redução do valor-base do auxílio emergencial. Além disso, Nobre criticou as tentativas de privatização da Eletrobras, dos Correios e dos bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. “Não vamos permitir, porque são instrumentos de desenvolvimento do nosso país”, declarou.

As centrais e os movimentos sociais levaram carrinhos de supermercado com alimentos para demonstrar o poder de compra do auxílio inicial – que chegava a R$ 1.200 para mães chefes de família – e do auxílio atual. Até setembro do ano passado, as parcelas de R$ 600 ainda garantiam uma compra substantiva. Já os R$ 150 representam o retrato da fome que assola cerca de 19 milhões de brasileiros.

Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, o agravamento “sem precedentes” das crises sanitária, econômica e política torna o auxílio emergencial de R$ 600 ainda mais urgente. “Esse auxílio (de R$ 150) não dá a mínima chance para as pessoas sobreviverem”, afirmou. “Estamos demonstrando o que se compra com esse valor. Temos que exigir da Câmara e do Senado que votem a MP.”

No ato unitário, as entidades doaram 3 toneladas de alimentos a catadores de cooperativa do Distrito Federal. A doação foi feita na forma de 600 cestas básicas, com pelo menos 16 itens em cada uma, simbolizando o valor do auxílio exigido. Após a manifestação, os presidentes das centrais se reuniram com o vice-presidente da Câmara Federal, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), para entregar formalmente ao Congresso a nova Agenda Legislativa das Centrais Sindicais.

Além de defender a MP 1.039, o documento enfatiza a necessidade de ampliar o combate à pandemia, sobretudo com uma campanha de vacinação mais abrangente e ágil. A Agenda das Centrais também pede o #ForaBolsonaro e repudia as privatizações, opondo-se à política ultraliberal do presidente da República e de seu ministro da Economia, Paulo Guedes.

“Ressaltamos a defesa dos Correios, da Eletrobras, a manutenção da água a serviço do povo e nas mãos do Estado. Somos contrários à política de privatizações e desmonte, de entrega do capital nacional às mãos do imperialismo norte-americano. Basta de neocolonialismo”, destacou Adilson. “O Brasil já não comporta Bolsonaro!”

Os parlamentares presentes ressaltaram a atuação do Congresso para investigar o governo Bolsonaro, com destaque para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado. “A CPI está seguindo a trilha dos crimes de responsabilidade de Bolsonaro”, afirmou Jandira Feghali. Para a também deputada do PCdoB Alice Portugal, o presidente “fez da fome a principal parceira da pandemia”.

Gleisi Hoffmann – que também é presidenta nacional do PT – afirmou que “o governo Bolsonaro está destruindo as conquistas dos trabalhadores, os programas sociais e entregando o Estado aos interesses privados. Mas vamos resistir”. Segundo Bohn Gass, é preciso tirar Bolsonaro, para “construir um projeto de soberania e inclusão social”.

Com informações da CTB, do Poder360 e da RBA