Ex-porta-voz de Bolsonaro critica interferência em Forças Armadas e PF

General Otávio do Rêgo Barros criticou a estratégia do governo de associar instituições do Estado brasileiro a posições políticas e manifestações irresponsáveis

O ex-porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros , fala à imprensa, no Palácio do Planalto | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

O ex-porta-voz da Presidência da República, general Otávio do Rêgo Barros, afirmou em artigo nesta quarta-feira (26), no jornal Correio Braziliense, que há interferência do governo Bolsonaro nas Forças Armadas, na Polícia Federal e Receita Federal.

Rêgo Barros disse que a associação entre governo e instituições de Estado – associação provocada por Bolsonaro – pode levar a um prejuízo na imagem das instituições frente ao público. “Ações e omissões do governo expõem essas organizações ao escrutínio crítico, com viés negativo, resultando como consequência uma possível repulsa da sociedade”, afirmou o general.

O uso pessoal, pelo menos em nível narrativo, dessas instituições é mais latente no Exército Brasileiro, o qual Bolsonaro enaltece como “seu” e recorre a discursos autoritários respaldados nas forças armadas. “Não é aceitável, sob nenhum aspecto, transformar a centenária Instituição Exército Brasileiro, nascida nas ravinas dos Montes Guararapes pelo amálgama das três raças e detentora de altos índices de confiabilidade, em uma estrutura de apoio político pessoal”, escreveu.

Rêgo Barros foi porta-voz do governo de janeiro de 2019, quando Bolsonaro assumiu a Presidência, a outubro de 2020, quando a função que ocupava foi extinta com a criação do Ministério das Comunicações.

General da ativa em manifestação política

No domingo (23), o ex-ministro da Saúde e general da ativa, Eduardo Pazuello, compareceu à manifestação a favor do presidente Jair Bolsonaro. O Estatuto Militar e o Código Disciplinar do Exército proíbem que integrantes da força participem de manifestações políticas. Pazuello já estava sob pressão após uma gestão duramente criticada no ministério e convocação para depoimento na CPI da Covid.

“Quanto ao caso do oficial-general que participou de carreata política, infringindo, em tese, a legislação disciplinar, tenhamos confiança na sobriedade temperada com firmeza de nossos comandantes”, afirmou o Rêgo Barros.

Uma apuração disciplinar contra o general Eduardo Pazuello foi aberta e, segundo informações do jornal Correio Braziliense, Pazuello terá 10 dias para se justificar. Após isso, o comandante da instituição, general Paulo Sérgio, decide qual punição será aplicada.

A abertura de procedimento seria informada pelo Exército em nota à imprensa. O presidente da República, porém, pressionou o ministro da Defesa, Braga Netto, para não publicar nenhuma posição do Exército sobre o assunto. A interlocutores, o presidente Jair Bolsonaro promete suspender qualquer penalização à Pazuello.

Com informações de Correio Braziliense