Queiroga fala em “carências” do SUS para justificar aumento de casos
Ao comentar possível 3ª onda de Covid, Queiroga reconhece necessidade de novas medidas restritivas e afirma que “vicissitudes” do sistema de saúde dificultam ação de combate à pandemia
Publicado 26/05/2021 16:26 | Editado 26/05/2021 16:27
Nesta quarta-feira (26), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, atribuiu culpa ao SUS (Sistema Único de Saúde) pelo descontrole da crise sanitária no Brasil causada pela pandemia do novo coronavírus. Em audiência pública na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, o médico comentou os esforços para conter a proliferação de novas cepas, a possibilidade de uma 3ª onda de Covid no país e a exoneração do superintendente da Saúde no Rio de Janeiro, George Divério.
“O nosso sistema de saúde, a despeito dos avanços que teve nas últimas três décadas, padecia de vicissitudes. Unidades hospitalares sucateadas, urgências lotadas, UTIs lotadas e filas de cirurgias para serem realizadas”, disse o ministro. Queiroga ainda complementou que a dificuldade em assegurar uma melhora significativa durante a crise sanitária “decorre das carências do nosso sistema de saúde”.
O governo federal, que ele compõe, cortou promoveu um novo corte em março deste ano de 72% na verba destinada à manutenção de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) nos estados.
A deputada federal e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann (PT-PR) criticou a declaração do ministro e afirmou que “SUS faz milagre com pouco”.
Durante os esclarecimentos aos parlamentares, Queiroga reconheceu a possibilidade de uma nova alta de casos de Covid-19, o que levaria à necessidade de ação de restrições por parte dos municípios para conter o avanço da doença.
Um dos motivos apontados para nutrir uma nova onda da doença é o surgimento de novas cepas do vírus. A variante indiana foi identificada em sete pacientes no país e uma nova cepa circula no interior de São Paulo.
“Estávamos com medidas de bloqueio, mas quando houve mais disponibilidade de leitos, se flexibilizou. E pode haver tendência de aumento de casos, que vai se refletir em nova pressão sobre sistema de saúde. Mas também pode ser fruto de uma variante. Nós não temos essa resposta ainda”, declarou o ministro.
Orlando Silva (PCdoB-SP), deputado federal, prevê um “desastre” com a proliferação de novas cepas e afirma que “é urgente implantar medidas sanitárias nos aeroportos, portos e terminais rodoviários.”
Segundo Queiroga, as medidas adequadas devem ser tomadas pelos municípios de acordo com as orientações do Ministério da Saúde.
“De acordo com a situação de cada município, pode ser necessário que se adote uma medida restritiva, mas cabe a cada autoridade municipal. O Ministério da Saúde fica vigilante para que se possa orientar. E vamos trabalhar juntos para que se possa evitar essa terceira onda.”
Em relação à nova cepa, o ministro comunicou que foi entregue ao estado do Maranhão, o primeiro a detectar a presença da cepa indiana do coronavírus no Brasil, um novo lote de 300 mil doses de vacinas.
“Agora, se essa ação é suficiente para conter uma transmissão comunitária, gostaria de dizer que seria, mas o Reino Unido que possui um sistema de saúde muito mais amadurecido do que o nosso, não conseguiu conter”, disse.
Queiroga também comentou sobre a exoneração do superintendente da Saúde no Rio de Janeiro, George Divério, publicada hoje (26) no Diário Oficial. Ele estava sob suspeita após o Jornal Nacional revelar contratos sem licitação para fazer reformas em prédios da pasta no estado. Divério é militar da reserva e havia sido indicado pelo predecessor de Queiroga, Eduardo Pazuello.
“Não me compete fazer um juízo de valor, neste momento, de culpabilidade ou não daquele agente público, mas diante do que foi sucitado no Jornal Nacional, o ministro da Saúde tomou a decisão que devia tomar. Exonerei o servidor sem nenhum prejuízo em relação à ampla defesa e ao contraditório”, garantiu.
Com informações de UOL e Yahoo