O “apagão” de Bolsonaro: governo cogita racionamento de energia e água

Como medida mais extrema, poderá ser adotado até um racionamento de água para poupar os reservatórios das hidrelétricas

A falta de investimentos da gestão Jair Bolsonaro no setor elétrico pode custar caro aos brasileiros. Autoridades do governo reconhecem o risco de um novo apagão e não descartam a adoção de medidas impopulares, como racionamento de energia. O colapso do setor foi agravado pela falta de chuvas, que levou o governo a cogitar a criação de “comitê de crise” para tentar manter o atendimento à demanda e evitar o blecaute.

Segundo o jornal Valor Econômico, o assunto dominou a reunião desta quinta-feira (27) do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). O comunicado oficial, divulgado após o encontro, reconhece que o setor enfrentou, entre setembro e maio, o pior regime de chuvas em 91 anos. Porém, não trouxe detalhes sobre o que precisará ser feito para evitar uma crise de abastecimento.

Uma fonte oficial afirmou que o governo trabalha com todos os cenários, até mesmo o regime de racionamento. Esta foi a saída traumática adotada em 2001 que marcou o fim do governo tucano. Outras medidas drásticas também são consideradas, tais como suspender a emissão de autorização para irrigantes.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já deverá destacar uma equipe técnica, a partir da próxima segunda-feira (31), para trabalhar as estratégias de forma reservada. Como medida mais extrema, poderá ser adotado não só um racionamento de energia – mas também de água para poupar os reservatórios das hidrelétricas. A restrição no consumo poderia começar em julho, de forma pontual e não para todos os estados.

Segundo autoridades do setor, o ministro Bento Albuquerque ficou irritado ao ser surpreendido sobre a gravidade da crise, que pode não ser contornada com o acionamento de térmicas. A pressão recai sobre o Operador Nacional do Sistema (ONS), responsável por monitorar a situação. O ministro Benjamin Zymler, do TCU (Tribunal de Contas da União), determinou que o risco de blecaute seja acompanhado pela unidade técnica (Seinfraelétrica)

Para evitar mais desgaste político, o governo tentará manipular a opinião pública e apontar que a ineficiência do sistema foi supostamente causada pela medida provisória (MP 579/12), expedida pela ex-presidenta Dilma Rousseff. Mas até integrantes do governo admitem que, se isso fosse realmente o motivo da crise, muito tempo se passou e uma solução já poderia ter sido buscada.

Com informações do Valor Econômico