Réu por corrupção, Crivella é indicado embaixador na África do Sul

A indicação causou desconforto entre os diplomatas brasileiros devido à manobra feita por Bolsonaro para favorecer seu aliado e à possibilidade do deslocamento do atual embaixador, Sérgio Danese, que assumiu há cinco meses.

Marcelo Crivella - Foto: Tânia Rego / Agência Brasil

Jair Bolsonaro apresentou o nome do ex-prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), que já foi preso por corrupção, para o cargo de embaixador na África do Sul.

A indicação causou desconforto entre os diplomatas brasileiros devido à manobra feita por Bolsonaro para favorecer seu aliado e à possibilidade do deslocamento do atual embaixador, Sérgio Danese, que assumiu há cinco meses.

Marcelo Crivella é réu por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, desde fevereiro, por conta do esquema conhecido como “QG da propina”. Ele chegou a ser preso em dezembro de 2020.

As empresas interessadas em fechar contratos com a Prefeitura do Rio deveriam buscar um operador aliado de Crivella, Rafael Alves, e pagar propina. Depois disso, as empresas eram favorecidas em contratos.

A Igreja Universal do Reino de Deus, da qual Crivella é bispo licenciado, atua em diversos países da África e já foi denunciada pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e associação criminosa em Angola.

Neste país, os pastores angolanos se rebelaram contra o controle brasileiro da igreja.

Crivella morou na África do Sul no começo dos anos 1990 para ajudar na expansão da Universal.

As investigações tiveram origem em denúncias de membros da própria Universal em Angola. As denúncias e investigações feitas em Angola contra IURD também têm reflexos na África do Sul.

Um dos que forneceram informações à investigação angolana foi o bispo Valente Bezerra Luís, o principal líder local, que afirmou que a África do Sul era um dos países pelos quais passava o dinheiro arrecadado com o dízimo nas igrejas angolanas. Segundo ele, os recursos eram transportados clandestinamente em carros de luxo ao país e, de lá, embarcados para o Brasil.

Em 2020, Crivella tentou se reeleger na Prefeitura do Rio de Janeiro, mas perdeu a eleição para Eduardo Paes (DEM).

Fonte: Hora do Povo